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20XX é o “Mega Man genérico” que brilha por conta própria

Após um longo período de espera – a campanha no Kickstarter iniciou-se em 2014 – a Batterystaple Games finalmente trouxe esse grande game de ação e plataforma aos consoles. 20XX é um jogo em que a palavra “tributo” é levada à um novo nível, em que a linha entre cópia descarada e reimaginação de um clássico é extremamente tênue.

É praticamente impossível falar algo sobre 20XX sem mencionar a série Mega Man X, pois tudo funciona de maneira muito semelhante, desde a abertura do jogo, a dupla de heróis, os vilões, o gameplay e por aí vai.

Não que isso seja demérito para o game, muito pelo contrário, os saudosistas provavelmente se sentirão muito satisfeitos pelo trabalho extremamente competente realizado pela produtora. Dá até pra entender como uma agradável evolução de Mega Man X.

Salve o mundo

Em 20XX a raça humana precisa ser salva e a dupla escolhida para tal feito é composta por Nina, uma menina com uma armadura azul que possui um braço em formato de arma e Ace, um garoto com armadura laranja que baseia seus ataques com uma espada laser. Juntos, eles viajam orbitando o planeta Terra a bordo de sua nave Ark e lutam contra infestações de robôs liderados por um velhinho de cabelos brancos com tara por robôs de destruição em massa.

A grande sacada do game é o seu sistema randômico de construção de fases, em cada tentativa de terminar o game, o jogador aprecia uma nova experiência de gameplay, que algumas vezes pode ser até injusta de tão difícil em que ela se apresenta.

O jogo vem recheado de possibilidades de upgrade para a sua armadura, mas não de forma imediata. Para isso, o jogador deve recolher chips conforme avança no game e comprar peças permanentes ou simplesmente desbloquear para que elas se apresentem durante as fases ou em lojinhas de upgrades espalhadas nas fases. As melhorias são várias e consistem em armas principais e secundárias – que poder ser adquiridas após derrotar os chefes – mais eficientes, energia extra, tiros concentrados poderosos e até mesmo habilidades que modificam totalmente o gameplay, levando o jogador a fazer escolhas de acordo com a sua maneira de jogar.

Cada barrinha conta

A dificuldade do jogo é bem alta apresentando-se de maneira progressiva e, assim como no jogo que serviu de inspiração, o próprio jogador é quem decide qual a ordem de enfrentamento dos chefes – são três opções de caminho a seguir após enfrentar o boss do estágio em que se encontra. A exceção é a primeira fase, que aparece de maneira aleatória. A cada novo estágio o jogador enfrentará desafios em um nível superior de dificuldade e terá que se adaptar as novas e mais complicadas armadilhas, inimigos e chefes. A energia torna-se fator primordial no decorrer das partidas, já que o game deve ser vencido apenas com uma única vida. Acumular erros em saltos ou mesmo ser atingido por inimigos pode gerar um déficit que vai mostrar resultado somente quando restar pouca energia. A tensão para realizar os movimentos perfeitamente serve como noção da imensa dificuldade proposta pelo jogo.

Além do modo campanha básico, que consiste em passar várias fases já conhecidas e chefões no final de cada uma delas e outras duas fases com chefes especiais, 20XX também entrega um modo cooperativo que pode ser jogado com um amigo na sua casa off-line ou online com aquele seu parceiro distante. Infelizmente a equipe do Gamepress não conseguiu testar esse modo pois, apesar das inúmeras tentativas, não conseguimos êxito em nenhuma partida, mas uma atualização pode resolver esta questão. Além disso, existem alguns desafios diários, semanais e de tempo que são, como o nome já diz, trocados periodicamente, ajudando assim na longevidade do game. Há também um ranking por pontuação, o que pode gerar um aspecto competitivo.

Baseado em fatos reais

20XX é um jogo muito bonito, com gráficos bem-acabados e detalhados, frenético e com uma trilha sonora bacaninha, não muito marcante, mas que condiz com a ambientação do jogo. Os controles são bem precisos e combinam perfeitamente com a jogabilidade rápida e que exige que o jogador seja perfeccionista nos seus pulos enquanto desvia de inimigos e tiros diversos na tela, o que não é uma tarefa tão simples se feito tudo ao mesmo tempo.

O estilo do jogo favorece a repetição constante, pois a cada recomeço o jogador passa a conhecer mais os seus inimigos, tem mais chips para compra de upgrades que podem ajudar a vencer o game com mais facilidade. A aleatoriedade na construção das fases ajuda na diversificação do gameplay e também colabora para que o jogo não fique muito maçante. Já a busca por upgrades, pois sem eles a jornada fica muito mais complicada, torna a exploração um fator essencial, diversas vezes colocando em conta o risco-benefício de enfrentar uma zona de perigo em busca de recompensas.

No geral, 20XX funciona muito bem como uma evolução de Mega Man X. O jogo é extremamente divertido, desafiador e não tem vergonha de mostrar suas raízes. Qualquer jogador “old-school” já percebe a proposta do jogo logo na sua abertura e, certamente, vai se deliciar em cada momento de nostalgia que o jogo oferece.

Os problemas maiores ficam por conta do não funcionamento do modo online, embora possa ser consertado facilmente – como salientado anteriormente – e talvez do excesso de melhorias que o jogo apresenta, tornando algumas coisas meio que irrelevantes ao longo da jogatina, como algumas armas secundárias inúteis. Contudo, 20XX é mais um grande jogo indie de plataforma que embarca nessa nova onda de apelar para a nostalgia sem se apoiar nela, entregando um trabalho muito bem feito. É possível até mesmo dizer que supera em alguns aspectos a sua fonte de inspiração. 20XX é um excelente jogo tanto para players de longa data quanto para novatos que buscam desafios elevados com doses requintadas de retrô.

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