GamePress

Fraco enredo condena bons gráficos e ambientes de Need for Speed: Payback

Um jogo bem desenvolvido perdido em meio a um enredo completamente fraco e a opções descartáveis. Assim resume-se perfeitamente o que entrega Need for Speed: Payback, a mais nova entrada do clássico dos games de corrida. Mas há muito a ver e a fazer além da história principal no grande mundo aberto que serve de cenário para o jogo. Fortune Valley é uma região bem dividida em 4 partes, sendo a principal uma cidade inspirada em Las Vegas. As outras áreas remetem a ambientes com cânions, desertos e grandes rodovias.

O personagem principal da história é Tyler, o melhor piloto da região, que é traído após o roubo de um carro com uma tecnologia supersecreta e busca vingança – origem do título. A fim de diversificar as corridas, Tyler conta com a colaboração de Mac, especialista em off-road e drift, e Jess, para as provas de fuga. Além dessas modalidades, há arrancada e corrida, totalizando 5 diferentes modos. O contraponto desta variedade é que para cada uma delas, é necessário um carro diferente, mesmo que a prova a ser disputada exija outra característica. Por exemplo, em uma das sequências com o carro usado para arrancadas, o oponente propõe uma corrida, então o jogador é obrigado a disputá-la com um carro não configurado para este fim.

A jogabilidade é muito arcade. A maioria das curvas utiliza o freio de mão, e ele sempre freia na medida exata, então é bem difícil errar uma curva ou perder o controle do carro. Mesmo em níveis altíssimos de velocidade. O turbo se torna essencial em algumas provas, principalmente se o carro não estiver acima do nível sugerido para a disputa.

Voltando à história, após ser traído, Tyler se rebaixa e passa a trabalhar para O Apostador mas sempre com objetivo de se contrapor ao grupo denominado A Casa. São eles quem comandam as ruas de Fortune Valley, inclusive distribuindo propinas para os policiais. Durante toda a campanha se repete um mesmo cenário, com a necessidade de vencer 3 gangues de diferentes modalidades e, após, um pedaço extra de história, apresentam-se 3 novos grupos a serem desafiados. Cada um desses oferecerá entre quatro e seis corridas para se considerarem vencidos. Grande parte da narrativa é feita durante as provas, ou seja, é necessário se concentrar em dirigir em alta velocidade, mas também ao desenvolver do enredo.

Para zerar o modo campanha, exige-se pouco dos jogadores. Dois ou três carros, no máximo, para cada modalidade. A maneira para melhorar o desempenho do veículo é bem simplória, resumida a 6 itens: Cabeçote, Turbo, Bloco, Exaustão, ECU e Câmbio. A cada vitória, o jogo permite escolher entre 3 Speed Cards, que contém 1 melhoria aleatória, mas que não basta para chegar ao nível necessário em algumas provas. Por isso, a oficina vende itens aleatoriamente, renovados por tempo, no que diz respeito aos bônus e fabricantes – usar 3 ou mais itens do mesmo garante vantagens -, porém com uma progressão de nível lógica.

Outra maneira de obter um item para equipar o carro é usando as cartas, que servem para ativar uma roleta na qual é possível travar somente uma das opções (Peça, Fabricante ou Bônus). Essas cartas são ganhas em um tipo de loot-box, que poderia ser totalmente excluída do jogo pois, além das cartas, os pacotes contém dinheiro ou itens de customização irrelevantes, mas que custam dinheiro para equipar.

Alterar a aparência dos carros é algo perdido dentro do jogo. Para poder mudar algumas partes, como rodas ou capô, é preciso antes desbloquear cumprindo alguns requisitos no jogo, como manter alguns drifts por mais de 8 segundos ou atingir certa velocidade máxima. Além disso, como já citado, cada peça extra custa dinheiro, que é melhor empregado na aquisição de carros mais potentes. Resumindo, deixe esta parte para depois que encerrar a campanha.

Ganhar dinheiro não chega a ser um desafio, mas para lucrar umas moedas extras há a possibilidade de aceitar uma aposta antes de cada corrida, que oferece recompensas até 8 vezes maior. Em grande parte os desafios são fáceis de serem cumpridos, garantindo uma graninha extra.

 

REFORMADO

Need for Speed: Payback parece com muitos e muitos jogos arcade de corrida que já foram publicados. Os rachas – invocados após emparelhar com um desafiante pelas ruas -, as perseguições policiais e os desafios propostos pelo jogo não tem um ar de originalidade, mas estão todos bem feitos. Aproveitar o mundo aberto criado é mais interessante que o modo história ou online, e os produtores souberam como colocar conteúdo para ocupar os fãs mais dedicados.

Dos desafios básicos, existem 100 fichas espalhadas que devem ser coletadas e também 100 outdoors que devem ser destruídos com saltos cinematográficos. Além disso, um dos desafios mais legais é introduzido ainda durante a campanha. A cada gangue derrotada, ganha-se o mapa para o chassi de um carro surpresa. Depois de coletado, é preciso encontrar 4 peças para completar o carro. A partir daí, ele fica disponível para ser usado em um dos modos de corrida a escolher e pode ser equipado com as melhores opções.

No modo online, o jogador entra em um lobby com outros 7 pilotos e disputam uma sequência de provas de corrida ou off-road, conforme votação, somando pontos para a classificação final. Porém é clara a vantagem para os carros com níveis superiores, e não há nenhum modo em que seja possível limitar isso. O bom do multiplayer é que as recompensas podem ser usadas no modo campanha, sejam dinheiro ou melhoria dos carros.

TRANSFORMERS?

Os belos gráficos e as estonteantes cutscenes, principalmente quando se destrói algum inimigo em perseguição, não criam envolvimento com o jogo. Os personagens não possuem carisma, e chegam a ser chatos em alguns momentos. A customização da aparência dos carros não influi em nada, e as peças para melhorar o desempenho são inexistentes, já que se baseiam em cartas.

Tirando as cutscenes, a vida se resume aos carros e caminhões que andam pelas ruas. Em muitos desafios, a única coisa informada sobre quem está dirigindo o carro inimigo é o nome. Em algumas cenas parece que são os veículos que conversam entre si. Need for Speed: Payback é uma história de carros. Estaria melhor em uma roupagem de Transformers ou Carros.

Need for Speed: Payback foi avaliado graças à colaboração da EA. Todas as capturas foram feitas in-game

 

Leia também:

A GamePress utiliza Cookies para melhorar sua experiência. Aceito Saiba Mais

Política de Cookies e Privacidade