Wonder Boy Collection é um presente aos fãs da franquia Wonder Boy, da Sega, em comemoração aos 35 anos de uma série de games que fez muito sucesso nos arcades e consoles da era 8 e 16 bits dos anos 80 e 90.
Os quatro jogos que compõem a coletânea foram estrategicamente escolhidos para demonstrar o desenvolvimento pontual dos títulos dessa franquia ao longo de anos entre tantos lançamentos. Nesse caso, a estratégia adotada pela Inin Games foi preservar a originalidade dos clássicos, logo é importante ressaltar de cara que a expectativa do jogador deve se restringir a emoção e nostalgia de encarar os clássicos como eles foram concebidos, sem melhorias perceptivas em sua apresentação ou qualquer modernização em sua jogabilidade.
Os jogos
Wonder Boy – Arcade 1986
Sucesso nos arcades em meados dos anos 80, Wonder Boy marca o pontapé da franquia em um jogo que parecia estar à frente do seu tempo no ano do seu lançamento. Sua jogabilidade que hoje parece um tanto travada, outrora era o que tinha de melhor nos jogos eletrônicos da época. Essa versão foi lançada também para o Master System aqui no Brasil.
Aqui o jogador assume o controle de Tom-tom que parte rumo ao resgate de sua amada Tanya em um jogo de aventura e scroll lateral linear, usando dois simples botões: um de ataque e outro de pulo. Fato importante é ressaltar sua intensa dificuldade, peculiar dos jogos dessa época, que podem afastar rapidamente jogadores casuais.
Wonder Boy in Monster Land – Arcade 1987
Demonstrando uma singela evolução ante o primeiro título, Wonder Boy in Monster Land marcou os arcades apresentando gráficos mais coloridos e bonitos, além de uma jogabilidade mais rápida. O herói da vez é um habitante ordinário de Monster Land, cujo propósito é restaurar a paz de sua cidadela, ceifada por um terrível dragão destruidor de lares alheios. A dificuldade nesse título é tão considerável quanto a do primeiro título.
Wonder Boy in Monster World – Sega Genesis 1991
Curiosamente esse deve ser o título mais conhecido por nós brasileiros. Não pela obra original disponibilizada nessa coletânea, mas pelo fato desse game ter servido de base para o famoso jogo brasileiro Mônica no Castelo do Dragão. Nessa versão, a série Wonder Boy começa a ganhar elementos primitivos de jogos RPG, o que fez muito bem a série. Aqui o game também dá um salto gráfico considerável e a missão do jogador é novamente derrotar criaturas que ameaçam a paz de Monster Land.
Monster World IV – Sega Genesis 1994
Bem mais evoluído tanto em seus elementos de RPG quanto em sua parte técnica, Monster World IV talvez seja o jogo em que os jogadores modernos mais rapidamente podem se adaptar em suas mecânicas de gameplay, visto que a mesma apresenta toques de modernidade em alguns pontos.
Os belíssimos gráficos, história mais elaborada e a sua dificuldade mais generosa estão entre as qualidades desse título, mas a grande novidade é que o herói do jogo é a garota Asha, cujo propósito inicial é salvar os Espíritos Elementais numa Monster World incrível e repleta de exploração em um nível nunca antes explorado pela série.
O que há de novo?
Como já destacado, fica evidente que o objetivo da desenvolvedora é entregar uma experiência mais original possível de cada jogo em sua era. Entretanto, existem sim algumas sutis melhorias que podem tornar cada jogo um pouco mais agradável de se aproveitar.
Existem filtros que podem ser selecionados pelo jogador para suavizar a imagem ou mesmo simular o efeito de monitores arcades ou TVs da época e a parte sonora parece ter sido levemente remasterizada.
Os formatos de tela foram mantidos em 4:3, embora o jogador tenha a opção de preencher as laterais esticando a imagem, quase um sacrilégio quando se trata de jogos retrô. Jogando no formato original, algumas opções de molduras podem ser escolhidas pelo jogador para preencher a tela, mas a incrível falta sensibilidade da equipe de desenvolvimento para com a evolução das telas de telas de TVs atuais deixou de fora uma moldura em preto sólido, ideal para quem possui uma TV Oled, que é capaz de desligar parte da tela atenuando o problema de se jogar em 4:3.
Um modo galeria também foi adicionado mostrando imagens que dão um gostinho de como eram os materiais originais da época. Nesse modo, o jogador tem acesso as ilustrações dos manuais dos jogos, assim como dicas e informações sobre como foi o desenvolvimento de cada jogo em sua época.
Espaços de salvamento separados por jogo também foram adicionados, portanto cada aventura não precisa mais ser vivida do começo ao fim, o que facilita bastante na hora de se planejar para aproveitar cada título da coletânea.
Por último, um recurso de rebobinar momentos do game foi inserido para facilitar de vez qualquer um dos quatro jogos, se assim o jogador quiser. Para tal, basta o jogador segurar um botão de ombro do controle pelo tempo em que ele quiser retornar a qualquer momento do game, fazendo com que os vacilos na hora da jogatina se tornem “consertáveis” sempre que o jogador quiser usar o recurso.
Vale a pena?
No caso de Wonder Boy Collection, prezar pela originalidade de gameplay termina por ser uma faca de dois gumes. O ponto positivo fica por conta de que a coletânea realmente cumpre o seu propósito de resgatar a nostalgia desses jogos que marcaram uma era, de maneira quase idêntica à qual eles foram concebidos. Por outro lado, suas mecânicas engessadas, recursos de gameplay e apresentação limitada pelos equipamentos da época tendem a afastar o público casual atual.
Portanto, dá para cravar que Wonder Boy Collection é um jogo feito na medida para jogadores que já são fãs e conhecem o legado dos Wonder Boys da Sega mas, por outro lado, se o seu perfil é de um jogador que não viveu essa era de ouro do menino e menina prodígio de Monster Land, existem outros jogos no mercado que podem lhe agradar mais.