Ao abrir My Friend Pedro, produzido pela DeadToast Entertainment e distribuído pela Devolver Digital, o jogador pode se sentir frustrado. Muito foi falado do jogo nos últimos dias, aumentando o hype alheio, mas ele não é uma superprodução. O diferencial é justamente o estilo debochado, nonsense e direto, que coloca os jogadores no meio da ação, sem delongas.
E é justamente isso que ele é: Um jogo de ação! Os comandos são simples, a história é rasa, mas os tiroteios permeados por movimentos acrobáticos e aparições de bananas na tela ao se conseguir alguns feitos torna tudo agradável e coeso, em seu próprio sentido. Afinal, seu amigo Pedro é uma banana falante e isso não é algo que obedece alguma lógica, nem mesmo no mundo dos games.
Ele fala
O jogo começa com o personagem principal – um mascarado sem identidade – acordando em um porão abandonado. Sua única companhia é uma banana falante voadora, chamada Pedro. Poderia ser uma alucinação gerada por uma grande pancada na cabeça, mas não é!
Pedro logo instrui o jogador a fugir do local e acabar com o açougueiro Mitch, conhecido no submundo por usar carnes de origem duvidosa – possivelmente nosso personagem fosse virar salsicha nas mãos dele.
O confronto com Mitch é o final do primeiro ato de My Friend Pedro, e acontece em uma fase em que o protagonista pilota uma motocicleta. Os criadores do jogo foram muito felizes em adicionar mecânicas diferenciadas em abundância – estamos falando de um game com aproximadamente 5 horas de duração. O tempo todo tem algo novo, como andar de skate, subir e descer em cordas, ou atirar em objetos que rebatem os tiros, como uma frigideira que pode ser chutada para um local estratégico e utilizada para causar muitas mortes sem correr riscos.
A maioria das vezes é só seguir adiante matando todos que estão em seu caminho, mas há também chefões para enfrentar e alguns desafios mais para o estilo plataforma do que propriamente de ação.
C, B, A, S
My Friend Pedro não busca ser um jogo desafiador, beirando o impossível, a não ser que o jogador queira. Ele permite morrer quantas vezes for necessário para atravessar uma fase e bastarão não muitas tentativas para passar mesmo as partes mais difíceis – talvez um pouco mais nas estágios finais.
Porém há mecanismos que permitem que o jogador se desafie. Ao final de cada nível é atribuída uma nota na escala de letra, podendo ser C, B, A ou S, levando em conta critérios como tempo de conclusão e número de mortes causadas. Além disso, há um ranking online com a pontuação dos melhores jogadores. Ou seja, se o jogador quiser ser o melhor, precisará de muito tempo e dedicação para, além de obter um S em todos as fases, ser o melhor do mundo!
Claro que pra isso é preciso se tornar mestre nas mecânicas do jogo. Elas são, basicamente, adaptativas. Por exemplo, é possível utilizar duas armas e dividir os tiros entre os 2 alvos, mas também dá pra passar sem utilizar este artifício.
Tempo de bala!
A beleza de My Friend Pedro está na utilização do já conhecido “bullet time”, uma desaceleração do tempo que permite ao jogador realizar as mortes mais incríveis e desviar de projéteis no último momento. Esta função, aliás, muitas vezes é o limiar entre uma morte e prosseguir no jogo. O malabarismo criado entre tiros, piruetas, rodopios e cambalhotas, em câmera lenta, enche de graça e cenas que merecem ser revistas.
O próprio jogo sabe disso, e colocou um “replay” do melhor momento quando se finaliza um nível. Este pequeno trecho pode ser salvo e compartilhado com amigos.
A verdade é que My Friend Pedro sabe aonde pisa. O jogo é estruturado todo de maneira leve e bem humorada, sem deixar de lado a ação desenfreada e o fato de que, oras, bananas! Se não é uma experiência profunda e sentimental, certamente marca por entregar um game bem feito e gostoso de jogar!