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Blasphemous tem tema polêmico mas é muito bem executado

Ousadia e competência certamente definem o trabalho da desenvolvedora The Game Kitchen, ao menos no que tange o trabalho como um todo realizado em Blasphemous. O game é pra lá de polêmico e aborda assuntos bastante delicados que envolvem a religiosidade num nível jamais tocado na história dos videogames.

A história de Blasphemous aborda o momento em que o pecado domina o mundo de Cvstodia. Esse fato ocorre de tal maneira que uma maldição, conhecida como Milagre, recai sobre todos os seres que ali habitam.

Blasphemous

Nesse momento surge um penitente sobrevivente da Irmandade da Tristeza. Ele está disposto a sofrer as três grandes humilhações que abrirão as portas da Mãe de Todas as Igrejas em busca da salvação dos seres que habitam Cvstodia.

Jornada da Salvação

Durante a jornada do penitente, que de maneira igual a sua condição é nomeado de O Penitente, o jogador terá que lidar e refletir sobre vários temas religiosos cristãos e católicos por meio da força bruta e com uma violência visceral.

Blasphemous

Esqueça o livre arbítrio, em Cvstódia o Penitente destroçará todos os pecadores pelo fio da sua espada, a Mea Culpa. Isso em busca de curar a terra doente pelo pecado e cumprir a profecia dos seres divinos que amaldiçoaram o pecado com o Milagre.

A riqueza da história é corroborada com um brilhantismo ímpar na ambientação e apresentação do game como um todo. Durante a aventura, é evidente o esmero da equipe de desenvolvimento na construção dos cenários que, em todo o momento, cumprem com maestria o objetivo de envolver cada vez mais o jogador no mundo pecador de Cvstodia.

Blasphemous

Não bastasse o visual, a equipe ainda incluiu um botão que conta uma pequena história para cada um dos itens disponíveis do jogo. Sempre com uma riqueza impressionante e, na maioria dos momentos, primordial para entender dos motivos que levaram à danação eterna em que se encontra Cvstodia.

Reze pelo melhor

Como jogo em si, Blasphemous segue um estilo hibrido de metroidvania com elementos fortíssimos da série Souls. No melhor estilo 2D, com gráficos que remetem à era 16-bits, o jogador fica incumbido de desbravar o lindíssimo ambiente criado pela The Game Kitchen. A busca de habilidades possibilitam alcançar os mais diversos caminhos dispostos pelo riquíssimo mundo de Cvstodia.

Blasphemous

Contudo, Blasphemous nos entrega uma aventura com características próprias que o colocam em um patamar acima de uma simples inspiração em um estilo já consolidado.

Durante a aventura, o jogador não fica restrito em seguir um único caminho. Tudo é determinado pelo seu baixo nível de evolução ou uma habilidade única, algo que difere bastante da maioria dos games desse estilo.

Blasphemous

As virtudes de Blasphemous começam quando o jogador tem a liberdade de explorar múltiplos caminhos. Claro que com algumas restrições, mas ainda assim os inimigos serão sempre derrotáveis. Se a exploração foi bem-feita, o jogador vai contar oportunamente com mais de uma habilidade, possibilitando escolher caminhos diferentes.

Minha Culpa?

O combate basicamente consiste em uma sequência de golpes da sua espada Mea Culpa, esquiva e a defesa, com o tom bastante peculiar em Blasphemous. A defesa funciona como um movimento rápido que se habilita somente durante uma fração de segundo, fazendo o jogador apostar mais na esquiva.

Blasphemous

Contudo, o domínio de tal movimento é primordial. Esta é a melhor maneira para facilitar os combates com as poderosíssimas criaturas do mundo de Cvstodia, pois sua execução perfeita pode culminar em ataquea devastadores que obliteram o pecador instantaneamente.

Entretanto, até mesmo após o domínio da defesa, o jogador vai ter que saber dosar o seu uso. Os ataques de criaturas mais fortes, mesmo com um timing perfeito, podem repelir o Penitente para as diversas armadilhas e fossas mortais do jogo.

Blasphemous

Ainda no que tange o combate, Blasphemous conta com magias de ataque e defesa, conhecidas no universo de Cvstodia como milagres. Uma pena que só um tipo de magia pode ser usado de cada vez e a impossibilidade de troca durante os combates as coloquem como um recurso em segundo plano, não primordial para o desenvolvimento da peregrinação do Penitente.

Pro bem e pro mal

A evolução do Penitente também é um ponto que funciona muito bem no jogo. Usando uma arvore de evolução, o jogador poderá aprender novas habilidades por meio da alocação dos seus pontos de experiência obtidos no triunfo da batalha.

Sua lâmina, a Mea Culpa, também pode adquirir habilidades. No entanto, todas elas carregam o ônus e o bônus dos seus pecados. O despertar de cada benefício é precedido de um malefício, que deve ser administrado pelo jogador ao esfacelar os blasfemadores em seu caminho.

A grande virtude dos desenvolvedores em relação ao combate é o fato de que o Penitente permanece quase que o tempo todo em equilíbrio. Mesmo levando em conta a evolução constante. O diferencial aqui é a variedade de opções que o jogador terá para se comportar de maneira mais eficiente em combate.

Por outro lado, percebemos um equilíbrio bem animador quanto à força dos inimigos. Isto proporciona uma característica única em Blasphemous: avançar no game mesmo não priorizando a evolução constante do Penitente. Claro que isto exige que o jogador domine o sistema eficientemente.

Tenha fé

Em momentos em que o Penitente se deixa vencer, perder parte da sua experiência adquirida e do seu fervor é o preço pago pela falta de fé ante o inimigo.

Contudo, o seu Salvador é misericordioso e, assim como na série Souls, o jogador pode recolher seus espólios no mesmo local onde a blasfêmia deitou sua alma.

Bom, talvez no intuito de escancarar sua divindade, seu Salvador permita que, mesmo falhando novamente no caminho da recuperação dos seus bens, um novo ponto de resgate de recursos seja criado sem que os antigos espólios desapareçam até que sejam recuperados.

Contudo, o jogador não precisa se preocupar em ficar perdido no meio de tantos possíveis espólios espalhados pelo mapa do jogo, que certamente serão vários. As mortes terminam por ficar intimas do mais fiel jogador, tamanha a dificuldade do game.

Zelando pelo Penitente, o Salvador, com todo o poder da sua luz divina, marca cada recurso deixado pela sua morte no mapa. Algo como a lembrança eterna de sua pouca fé.

Os controles do jogo funcionam muito bem na maioria do tempo, porém existem alguns problemas básicos bastante irritantes. Um exemplo é ficar preso em algum tipo de armadilha ou ataque devido ao minúsculo tempo de invencibilidade entre os danos/golpes dos adversários.

A variação dos inimigos, assim como as suas animações e estilos únicos de combate são um ponto muito positivo no game. Além de contribuir substancialmente para a beleza do jogo, eleva o nível de gameplay a um patamar antes restrito somente às grandes produções.

As lutas contra os chefes são um show a parte, tanto nas estratégias de batalha variadas, quanto na diversificação de todo o terror, desgosto, pecado e maldição que sua arte peculiar transpira, sem perder a harmonia com o momento de peregrinação do Penitente.

Blasphemous

Em sua totalidade não há como negar que Blasphemous é um jogo muito bem concebido pela The Game Kitchen. Embora haja problemas pontuais nos controles, que podem causar mortes estúpidas, eles não são suficientes para tirar o brilho do jogo. Fica evidente que a equipe se dedicou ao máximo criando um ambiente que conversa o tempo todo com o momento de peregrinação do Penitente.

A credibilidade da danação instaurada por toda Cvstodia é uma das experiências mais profundas que um jogador pode sentir nos games atualmente, fazendo valer cada momento investido. Portanto, sugerimos que o gamer não cometa o pecado da avareza e jogue o quanto antes essa pérola dos jogos independentes.

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