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Bramble The Mountain King se destaca com ótimos gráficos e temas polêmicos

stúdios com alto poder aquisitivo e superproduções, ainda mais para um estúdio de menor expressão. Provavelmente pensando dessa forma, a Dimfrost Studio joga suas cartas na mesa entregando aos jogadores um game um tanto peculiar e que deve fazer certo barulho na cena gamer, devido a sua originalidade na sua maneira em contar uma boa história.

Bramble The Mountain King

Com a proposta de ser diferente, Bramble the Mountain King aposta numa mistura pouco convencional de conto de fadas e terror psicológico, de forma a divertir e perturbar o jogador durante uma aventura singular que explora mitos do folclore nórdico. Apesar de improvável, o game consegue misturar essas ideias antagônicas com maestria, na forma de um game que dá o controle para o jogador viver um conto no estilo plataforma, com ambientes de tirar o fôlego e abordando temas polêmicos ao ponto de realmente tirar o jogador de sua zona de conforto.

Nem tudo é o que parece ser

Não é exagero dizer que a narrativa de Bramble the Mountain King seja baseada no amor que cerca dois irmãos em seu mundo próprio de fantasia dotado de proporções únicas, onde o personagem controlável desbrava um ambiente de gigantes que propositalmente intensifica a vulnerabilidade do protagonista ao mesmo tempo em que potencializa os perigos que o cercam. Sem entrar em grandes spoilers, pois Bramble the Mountain King é um jogo fundamentado na narrativa, o game dá o seu pontapé inicial apresentando o protagonista Olle, que desperta no meio da noite e percebe que a sua irmã – Lillemor – fugiu para se aventurar em meio a floresta.

Bramble The Mountain King

A partir daí, Olle segue seus passos a fim de encontrá-la e livrá-la do perigo iminente. Entretanto, os dois decidem seguir na aventura até que um Troll gigante sequestra Lillemor, fato este que impulsiona Olle a partir em uma aventura que busca resgatar a irmã em uma narrativa que superficialmente se parece bastante cliché, mas que logo se mostra um tanto original. A partir daí, são inseridas criaturas como goblins, bruxas, elfas e temas extremamente perturbadores como obliterações de animais, suicídios e até mesmo mortes envolvendo bebês de uma forma gráfica que certamente coloca o game como um entretenimento não recomendado para pessoas mais sensíveis a esses temas.

Gameplay

No controle do pequeno e frágil infante Olle, toda a aventura segue guiada por uma narradora que conta a história de superação do garoto em busca de salvar sua amada irmã. O jogo de câmeras do game é um tanto cinematográfico, pré-definido de forma a não haver controle por parte do jogador, mas com um charme único que exalta a atividade biológica do ambiente. O papel do gamer é desbravar um mundo que, em um primeiro momento, se mostra como alegre e convidativo, até finalmente mostrar sua verdadeira face visceral, seus demônios e perigos.

Os controles são os mais simples possíveis com Olle capaz de pular, andar, correr, se esconder nas moitas e, volta e meia, exibir o brilho de uma curiosa pedra que aparece em seu caminho. Observe que não se trata de um jogo de ação, pois Bramble the Mountain King é um jogo de sobrevivência, onde sua fragilidade sequer permite revidar ataques, o que estrutura sua jogabilidade em fugir, escalar ambientes, saltar sobre plataformas e resolver puzzles como encontrar uma chave para abrir determinada porta ou interagir com amigos em prol de um objetivo, por exemplo.

O ponto alto do gameplay são as batalhas contra os chefões e, embora não seja bem uma batalha no sentido de combater com pontapés ou algum tipo de arma, são bem divertidos na sua forma de exigir uma solução criativa. Normalmente esses combates são resolvidos por meio da observação do jogador em relação aos ataques inimigos e na estratégia de como escapar de cada um deles, até que se abra uma janela onde Olle potencialmente consiga usar sua pedra brilhante. O mais legal desses combates é a construção dos inimigos enfrentados, pois eles apresentam modelos bem grandes em sua maioria, tudo muito bem-feito e com um aspecto bem assustador, dando um charme único ao game.

Audiovisual digno de grandes produções

Se há algo que chama bastante a atenção e segura o entusiasmo do jogador até que a narrativa realmente se revele é o audiovisual que o game apresenta, principalmente em seu princípio enganoso de conto de fadas alegre como nos desenhos da Disney. É incrível o trabalho que a Dimfrost Studio conseguiu realizar para evidenciar a beleza enganosa do mundo de Bramble the Mountain King, de forma a convidar o jogador a se aventurar em um mundo potencialmente perigoso.

Além de belo em sua apresentação, o jogo de câmeras consegue potencializar os perigos enfrentados por Olle de forma a deixar toda a aventura muito mais empolgante. O mais incrível é que o empenho em mostrar um visual estonteante se mantém do início ao fim do game, principalmente onde os gráficos trabalham para mexer com o psicológico do jogador e o assustar de uma maneira bastante cruel.

E se o gamer pensa que os cenários são o ponto alto do game, outro ponto técnico também chama bastante atenção. A trilha sonora de Bramble the Mountain King se mostra tão linda e eficiente, ao ponto de potencializar o pavor pretendido em cada cena, assim como eleva ao máximo o sentimento de solidão de Olle ao usar trilhas que são cantadas em pontos chave do game.

Em contraponto a esse show audiovisual, podemos citar a construção do modelo de Olle e Lillemor, que ao longo de todo o game parece destoar com o cenário quase foto realista. A sensação que fica é que os personagens parecem bonecos de cera em uma resolução menor a dos belos cenários e com movimentação meio robóticas. A boa notícia é que isso não se aplica aos monstros e criaturas do mundo fantástico de Bramble the Mountain King, ficando restrito só aos irmãos.

Vale a pena?

Não há como negar que Bramble the Mountain King é um game feito com muito esmero, do começo ao fim, por sua desenvolvedora. Sua jogabilidade é simples e eficiente – exceção a mira da pedra do brilho que não funciona muito bem – a narrativa engrena bem e atinge o seu objetivo de chocar o jogador com seus temas polêmicos. O audiovisual, por sua vez, atingiria o patamar impecável não fosse a apresentação dos protagonistas do game um tanto deslocado do cenário. Contudo fica evidente, pelo nível do seu conteúdo, que não se trata de um jogo feito para todos, pois pode desconcertar até adultos sensíveis aos temas citados.

Outro contraponto é a duração da aventura que tende a ficar entre três e quatro horas, algo um pouco fora do padrão para os jogos da atual geração. Um adendo a esse pormenor é que dá para afirmar que o jogo segura a emoção do jogador durante a maior parte de sua duração, sem enrolação, fazendo valer a pena cada minuto despendido no game. Entretanto, uma vez terminado o game, não existe um incentivo para repetir a aventura, o que mina por completo o fator replay.

Ressalvas à parte, Bramble the Mountain King é um jogo que definitivamente consegue atingir sua meta de entregar uma obra com toque originais ao mesclar conto de fadas com terror, ao mesmo tempo em que disponibiliza um jogo sólido, divertido e com uma narrativa bastante intrigante. Com todos esses predicados, é possível afirmar que Bramble the Mountain King é um jogo bastante recomendado para gamers com estômago forte e que apreciam jogos de terror que realmente mexem com o psicológico.

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