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Chocobo’s Mystery Dungeon: Every Buddy! tem estilo próprio e é divertido

Não há como negar que um dos mais adorados ícones da série Final Fantasy são nossos amiguinhos emplumados, os Chocobos. Presentes em todos os capítulos da série principal, eles sempre atuam como coadjuvantes – na maioria das vezes, como um meio de transporte – mas sempre com uma forte relação de sentimento e amizade com o protagonista da série. Chocobo’s Mystery Dungeon: Every Buddy! é uma ideia muito bem executada para agradar os fãs e também quem ainda não conhece todo o gigantesco mundo de Final Fantasy, apresentado aqui de uma maneira mais amigável e com personagens receptivos.

A importância deles no mundo de Final Fantasy é tamanha que, ainda que cada capítulo da série conte uma história diferente, com mundos, ameaças e personagens únicos em cada título, quem sempre está lá ajudando de certa forma a salvar o mundo, são os Chocobos.

Chocobo’s Mystery Dungeon: Every Buddy!

Dada a relevância do personagem, a Square Enix resolveu tornar o coadjuvante em protagonista, o que aconteceu em 2008 quando finalmente foi lançado Final Fantasy Fables: Chocobo Dungeons para o Nintendo Wii, jogo este que teve uma recepção muito boa por parte dos fãs na época. Mesmo assim a produtora achou que a pequena ave amarela merecia mais e resolveu ampliar o sucesso do jogo lançando uma nova versão do game – Chocobo’s Mystery Dungeon: Every Buddy! – com novos conteúdos, músicas e gráficos melhorados no Nintendo Switch, que conta com toda uma base de fãs específica para o título em questão já estabelecida, e no Playstation 4, onde a série principal se firmou definitivamente como um divisor de águas no estilo rpg japonês.

Eu, Chocobo

A história do jogo é contada inicialmente com uma belíssima cena pré renderizada. Nela, Chocobo e o seu amigo Cid são uma dupla que vive em busca de tesouros perdidos, os conhecidos “treasure hunters”. Uma de suas aventuras os levam até uma cidade conhecida como Lostime, um lugar onde os seus habitantes deliberadamente vivem dia após dia com suas memórias apagadas ao soar de um misterioso sino e, segundo os próprios moradores, a vida é bem melhor se você se esquecer dos seus problemas diariamente. Bom, talvez até seja, mas Chocobo não concorda com essa ideia e parte em uma jornada em busca das memórias de cada cidadão de Lostime, uma de cada vez.

Chocobo’s Mystery Dungeon: Every Buddy!

É claro que com todo o carisma e fofura do nosso amigo galináceo, o que não poderia faltar são parceiros que o ajudarão a completar a sua missão e eles vão muito além do seu melhor amigo Cid. Muitos humanos da própria cidade de Lostime se juntarão à sua trupe ao longo da sua jornada, assim como os inimigos enfrentados e “adestrados” ao longo do jogo, além de outras espécies de chocobos, é claro que cada um deles com suas respectivas habilidades e poderes especiais próprios.

Caçadores de Memórias

O gameplay em um primeiro momento te dá total liberdade de movimentação na belíssima cidade de Lostime. Lá, Chocobo e seu parceiro cumprem todo o papel de interatividade com os carismáticos NPCs disponíveis, desencadeando diversas cenas divertidas e hilárias contadas na história do jogo. Na cidade também é possível fazer compras e providenciar melhorias nos seus equipamentos. Também é nessa parte que, geralmente, percebemos que o jogo não entrega legendas e nem dublagem em nossa língua nativa, o que restringe bastante o público aqui na nossa terra.

A partir do momento que Chocobo descobre uma maneira de recuperar as memórias dos cidadãos de Lostime é que o gameplay realmente se aprofunda. A memória de cada morador funciona como uma “dungeon”, uma espécie de calabouço onde, no final, um chefão guarda as memórias perdidas do cidadão em questão.

Chocobo’s Mystery Dungeon: Every Buddy!

A primeira impressão do jogador ao se deparar dentro de uma “dungeon” é de um gameplay raso, baseado em ação e apertar de botões em sequência, mas na prática não é o que realmente acontece. Todo o esquema de batalha esconde um sofisticado sistema baseado em turnos, onde para cada ação existe uma reação adversária até mesmo quando o inimigo não está na tela, mas calma que chegaremos lá.

No inicio da Dungeon é possível selecionar seu companheiro e o “job” de Chocobo, as famosas profissões da franquia Final Fantasy e aqui vale uma ênfase no fato de que as profissões disponibilizadas são as já canonizadas na série principal, como White Mage, focadas em cura; Black Mage, magias que causam danos; Red Mage, equilibra cura e dano; Knight, foco no cambate melee, dentre outras.

Aqui também descobrimos que é possível que um amigo se junte à jogatina e controle o seu “buddie”, porém é somente local, o que perde um pouco o sentido, pois a própria cultura do multiplayer gamer está muito relacionada às experiências a partir da internet. Ainda assim, se o jogador tiver um parceiro que esteja disposto a segurar o segundo controle para ajudar na aventura, o jogo está pronto para isso. A partir daí a ação começa e voltamos à parte dos movimentos por turno.

Turnos dinâmicos

Tudo acontece de maneira muito dinâmica e, se levarmos em conta o lançamento original do game em 2008, bem inovadora. Todo movimento e ação é realizado paralelamente com os adversários do mapa, como num jogo de estratégia, mas de maneira bastante orgânica. É como se o mapa fosse dividido em pequenos quadrados em que movimentar-se de um para o outro custa um turno e em seguida ocorre o turno adversário, mas tudo funcionando numa dinâmica constante, sem que o jogador tenha que parar o seu turno para observar o movimento do oponente.

Obviamente que não só a movimentação, mas qualquer ação, que vai desde o lançamento de alguma magia até o uso de uma poção de cura, custa um turno. Porém, ainda que para a execução das ações supracitadas seja necessário o uso dos menus ou atalhos, a dinâmica da jogabilidade permanece com uma fluência impecável. A partir daí, cabe ao jogador usar de toda a sua experiência estratégica para definir os melhores locais de abordagem do inimigo, sabendo que, a cada movimento seu, o inimigo tem o seu tempo de reação para contra atacar.

Uma das mecânicas mais divertidas e importantes de Chocobo’s Mystery Dungeon: Every Buddy! é “dominar” um adversário. Isso ocorre por meio de conquistas de pontos, e eles acabam se tornando poderosíssimos aliados e, por fim, sendo imprescindíveis para o desenvolvimento da história. A coleção de Buddies que dá nome ao game, oriunda deste mecanismo. São vários monstrinhos que, quando derrotados, dropam pontos que tornam possível que Chocobo possa convocá-los à ajudar nas batalhas e cada um deles com suas características, como, por exemplo, resistência ao fogo e alto poder de dano em inimigos voadores.

As dungeons são geradas de maneira procedural, ou seja, a cada desafio, mesmo que seja a memória da mesma pessoa, a ambientação vai ser totalmente nova, ao menos na questão da disposição dos caminhos. O que pode incomodar em um primeiro momento é que basicamente todas as memórias estão dispostas em forma de corredores, causando um sentimento de repetição infinita de objetivos e até, de certa forma, uma pobreza gráfica que contrasta bastante com toda a beleza e humanidade vivenciada na cidade de Lostime. Com o tempo o jogador até começa a aceitar e perceber uma certa lógica nesse estilo, pois retrata a mente humana como um emaranhado de caminhos, um corredor sem fim com possibilidades infinitas, mas, ainda assim, não deixa de parecer que foi uma oportunidade perdida pela equipe de desenvolvimento de preencher o cenário com detalhes que ressaltassem toda a diversão nos momentos mais legais do game.

O sistema de progressão é baseado nos jogos “rogue-like”, onde as mortes são constantes e você perde todos os equipamentos não equipados, itens e dinheiro a cada derrota. Contudo, a experiência adquirida, os inimigos desbloqueados para ajuda, os itens previamente vinculados ao personagem e até mesmo o nível alcançado durante a última aventura é mantido, tornando a próxima tentativa um pouco mais passível ao sucesso.

Parte de Final Fantasy

As referências à linha principal da série Final Fantasy são incríveis e seu nível de conhecimento da será determinante para despertar, ou não, momentos incrivelmente nostálgicos relacionados ao universo da franquia. Estas partes tornam-se épicas quando apresentados em conjunto com a fantástica trilha sonora do game, que conta com muitas das músicas que mais fizeram sucesso na série, com leves toques de efeitos de remasterização, porém mantendo a alma das canções de Final Fantasy.

Chocobo’s Mystery Dungeon: Every Buddy! é um jogo muito competente no que se propõe e não faz feio como um spin off de Final Fantasy. É um jogo que tem identidade própria e que, mesmo compartilhando o mesmo universo, não tem a pretensão de ser um jogo da série principal. Com um sistema de gameplay vasto, robusto e profundo, o jogo fica em um patamar similar a bons e velhos RPGs. A profundidade da história é fantástica e alia momentos de combate divertidíssimos com um sistema de “captura” de monstros que enriquece bastante o gameplay, criando todo um ecossistema de caça de novas criaturas muito interessante, pois o uso do adversário como parceiro é uma recompensa valiosíssima. Por fim, vale ressaltar o efeito nostalgia nos gamers que cresceram no universo Final Fantasy e a oportunidade de, em novos players, despertar o interesse sobre a franquia estabelecida há mais de 30 anos!

*Esta análise foi realizada com cópia cedida pela Square Enix.

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