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Cloudpunk explora bem o tema cyberpunk, mas com pouco desafio

Cloudpunk, do estúdio alemão Ion Lands, é um jogo de aventura que aposta numa proposta de viajar e conhecer mais de uma metrópole cyberpunk com vários dilemas sociais e um gameplay fundamentado na narrativa. Mirando imergir o jogador em uma realidade repleta de personagens carismáticos, todos eles sedentos por compartilhar suas histórias em busca de alento e, em alguns casos, alguma ajuda, Cloudpunk abusa da exploração dos quatro cantos da cidade mas sem exigir muito do jogador.

Partiu!

A história de Cloudpunk tem como protagonista a recém chegada Raina, que em um primeiro momento tem como propósito prosperar no seu novo emprego em uma empresa de entregas, a Cloudpunk. Depois de vender até o corpo de seu cachorro para sobreviver, Raina decide tentar a vida na grande metrópole Nivalis. Ali ela vai desafiar seus princípios morais, fazendo algumas escolhas que ao menos tentam mobilizar o jogador a se questionar sobre conceitos futurísticos de Nivalis.

A grande Metrópole

Nivalis, por sua vez, além de ser o palco principal do jogo, é claramente uma metáfora para o sonho de qualquer ser humano que almeja algo melhor em sua vida. É uma cidade que exala oportunidades, embora seus caminhos sejam igualmente retratados como nas grandes metrópoles da vida real, com vias que podem transformar homens ou mulheres generosas em seres impiedosos e gananciosos.

Bairros de Nivalis são conectados e apresentam características únicas

Com um belíssimo clima noir e repleta de luzes neon em cada canto da grandiosa e chuvosa Nivalis, a metrópole não faz nenhuma questão de esconder do jogador os seus problemas sociais. As camadas da sociedade, composta por humanos, androides, inteligências e ciborgues, é bem dividida. Raina irá transitar em diversas destas áreas, dos bairros nobres do topo da cidade à podridão corrompida de uma sociedade que opta pela liberdade a troco de viver de cultivo de lodo.

Uma loooonga noite

Dirigindo seu Hova

No que tange ao gameplay em si, a proposta de Cloudpunk é partir do ponto A ao ponto B para realizar uma entrega. É claro que o jogador deve sempre contar algo inesperado o aguardando no meio do caminho. A imersão no mundo de Nivalis e seus habitantes é deveras competente, tornando crível toda a situação vivida por Raina.

Nas vias o Hova anda mais rápido mas é possível voar por todo lado

Todo o jogo se passa durante a primeira noite de trabalho de Raina na companhia de entregas Cloudpunk. Para isso ela conta com seu hova, um carro voador, e recebe ordens de Controle, um personagem que orienta e transfere as responsabilidades de entrega. Logo no início do jogo é possível instalar Camus como um automata que controla a inteligência do Hova. Camus é o cachorro de Raina, aquele que teve o corpo vendido para garantir a sobrevivência.

No melhor estilo Blade Runner, cabe ao jogador guiar o hova de Raina da melhor maneira possível entre o tráfego intenso, arranha-céus, becos e periferia de Nivalis, para efetivar a entrega das mercadorias suspeitas dos clientes da Cloudpunk. Entre idas e vindas, o jogador deve se atentar em não se esquecer de manter o seu tanque de gasolina cheio para garantir a máxima eficiência em seu trabalho. Um dos pontos mais interessantes de Cloudpunk é que o preço do combustível varia conforme a região!

Preço do combustível varia conforme a região! Cheguei a pagar $3,80!

Durante uma entrega e outra, o conhecimento de Raina vai progressivamente evoluir ao se deparar e lidar com os mais variados tipos de moradores de Nivalis. Sua interação com eles será primordial para um entendimento maior da história do game, assim como o desenvolvimento da índole da personagem durante a sua noite como uma entregadora da Cloudpunk.

Entre vielas e avenidas de Nivalis, Raina vai coletar diversos itens que podem ser vendidos para render um dinheiro a mais ou mesmo ajudar alguns NPCs errantes ao longo da cidade, mas nada que mude o foco principal da protagonista. O bom é que tudo está indicado no mapa, então fica fácil para quem gosta de completar o jogo.

Chega a soar exagerado como as coisas escalonam rapidamente em Cloudpunk, já que uma simples entregadora em sua primeira noite de serviço acaba decidindo o futuro de muitos personagens e até de Nivalis propriamente.

Só uma noite de trabalho

É um fato que Cloudpunk se esforça e até alcança o seu objetivo de imergir por completo no clima cyberpunk da grande cidade de Nivalis por meio da narrativa, mundo coeso e uma trilha sonora imersiva e totalmente condizente com o tema. Contudo, um problema que pode incomodar boa parte dos jogadores é a falta de um desafio real durante toda a aventura do game, que não seja socializar e descobrir os mistérios de Nivalis por meio da interação com seus habitantes.

Estacione, explore, colete tudo, ache o carro e repita

Apesar de Controle narrar acidentes e sumiços misteriosos de outros entregadores da Cluodpunk, não há nenhum risco envolvendo Raina e seu Hova. Basta seguir a história e fazer algumas escolhas que não possuem grande impacto no decorrer da trama.

O cyberpunk que temos pra hoje

A temática cyberpunk está em alta com a aproximação de Cyberpunk 2077, da CD Projekr Red. Cloudpunk consegue criar um clima interessante sobre uma cidade neste estilo futurista, embora muito focado na narrativa e desprezando, de certa forma, o desafio.

NPCs podem ter tarefas ou só querer conversar mesmo

O estilo gráfico pode causar certa estranheza no princípio, com o uso de Voxel Art, mais conhecido no mundo de Minecraft. Em um primeiro plano, principalmente os personagens, não são agradáveis. Por outro lado isso se contrasta totalmente com o visual da cidade e as luzes e brilhos distribuídos à perfeição.

Durante toda a aventura, salta aos olhos todo o cuidado da equipe de desenvolvimento no desenvolvimento da cidade de Nivalis, que é a cereja do bolo do jogo como um todo. Sua população, camadas sociais e todo o clima cyberpunk é retratado com uma clareza absurda e certamente é um ponto positivo que não deve ser subestimado no jogo.

Nivalis e a ambientação cyberpunk com muito neon são destaques

Raina, por sua vez, acaba por se tornar uma personagem com carisma o bastante, dado o seu conhecimento e importância conforme a história evolui, para segurar as pontas e manter o interesse do jogador pelo mundo proposto por Cloudpunk. Tais características da personagem protagonista, se traduzem em um casamento perfeito entre o interessante mundo de Nivalis e uma personagem em busca de definir a sua própria história.

Há de se destacar a falta de desafio e a repetitividade durante toda a execução do game, mas isso se torna um detalhe assim que o jogador entende o foco e aceite o desafio de descobrir mais sobre enigmático mundo de Nivalis. Cloudpunk é um jogo que se fecha em si só e garante algumas horas de diversão, despertando curiosidade pelo futuro cyberpunk.

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