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Com potencial, Days Gone demora a engrenar e não conquista de cara

Talvez este seja uma das análises mais difíceis de escrever. Days Gone é um jogo com uma ótima ideia base, o confronto com hordas de zumbis pós-apocalipse, mas que deixa um sabor de “podia ser melhor” no ar, a todo momento. Tem muitos elementos que o colocariam como um jogo épico, como gráficos e trilha sonora, mas peca com uma história sem aquele baque inicial que desperta o interesse no jogo, e deixa a desejar exatamente nos confrontos com as hordas, que foi exposto como o grande atrativo do game.

O mundo não é mais um bom lugar

A Bend Studio assumiu uma responsabilidade enorme com um novo exclusivo para o PlayStation 4. O game passa a impressão de que nasceu com uma ideia boa e teve que desenvolver algo em torno dela, mas que não teve a “cola” necessária para dar liga no produto final.

No Tranco

O começo de Days Gone é o alvo da maioria das críticas dos jogadores. Um apocalipse zumbi não é lá muito novidade, convenhamos, e mesmo a história levando os protagonistas para um lugar mais ermo, afastado da agitação das grandes cidades, fica uma sensação que a praga não é tão perigosa quanto a narrativa supõe. Isso é um desses momentos referidos em que parece não dar liga no jogo.

Domar a roda de itens é necessário para mudanças rápidas

A questão dos bugs realmente incomodaram muita gente, como é normal em games com vastos mundos abertos, mas constantemente são liberados patches para solucionar problemas. Com pouco mais de 1 mês de lançamento já foram 9 arquivos de correção.

Na tangente da história, o começo deixa Deacon St. John – também conhecido como Dick, ou na dublagem, Dico – parece meio à deriva enquanto conhece as redondezas e busca entender o funcionamento e padrão dos acampamentos de sobreviventes, bem como os perigos dos inimigos, sejam freakers – como são chamados os zumbis do jogo -, animais selvagens, humanos enlouquecidos ou o governo, representado aqui pela NERO – National Emergency Response Organization, ou Organização Nacional de Resposta para Emergências. Aliás, os caminhos escolhidos pelos humanos é um tanto estranho. Pela narrativa, são só 2 anos após o início da praga e o mundo já virou de cabeça pra baixo.

Moto precisa ser restaurada e abastecida com frequência

O legal, ainda falando do início do jogo, é que embora claramente as missões estejam lá para para ambientar Deacon ao ecossistema do jogo, existem opções de ajudar um ou outro acampamento e assim ganhar moral lá dentro, o que é essencial para o estilo de progresso que o jogador quer imprimir no jogo.

Felizmente, assim como a moto – parceira inseparável de Deacon – deixa de ser um estorvo no começo, o jogo tem uma crescente em sua parte final, mais precisamente no terceiro trecho, que faz tudo valer a pena.

Câmbio, desligo

Graficamente, Days Gone não deixa a desejar. Os ambientes são bonitos e críveis, com o ciclo de dia e noite bem marcados e a variação das estações dando show de beleza. A trilha sonora do jogo também é marcante, com instrumentos que marcam ora a bucolidade de uma locação menos habitada dos Estados Unidos – o jogo se passa em Oregon, que por sinal é sede da Bend Studios – ora o caos de uma perseguição feita por mortos-vivos.

Anbientes bonitos e detalhados

A dublagem também é muito boa, e não perde pontos por querer adequar o vocabulário para ser menos ofensivo. É um apocalipse zumbi, puta merda! As pessoas estão desesperadas, precisam sobreviver a qualquer custo. Deacon ser um ex-membro de uma gangue de motociclistas e conviver com pessoas que também não tiveram uma vida prestigiosa também colabora com o comportamento agressivo.

Os pontos negativos ficam quando Deacon resolve encarnar o Sr. Óbvio e solta diversas vezes frases que não irão ajudar em nada. São coisas banais que, se não fossem repetidas à exaustão, passariam desapercebidas. Outra coisa é o rádio. Toda hora tem alguém falando no rádio de Deacon. As vezes são informações importantes, muitas outras não, e isso acaba ligando um piloto automático no jogador para ignorar as falas.

Modo Foto ajuda a obter lindas imagens

Liberdade

O maior acerto de Days Gone é permitir que o jogador encare cada missão de uma forma, seja a primeira vez que tenta ou após fracassos, principalmente nas hordas. O sistema de stealth, que funciona melhor contra humanos do que freakers, dá a oportunidade de colocar armadilhas ou armar bombas que irão reduzir as forças inimigas. Claro que a opção preferida de todo mundo, chegar chutando o balde, também surte efeito, mas não sem antes verificar a quantidade de armas e munição. Sempre é bom ter uma arma branca, de preferência modificada, com 100% antes de entrar em confrontos.

Carros de serviço sempre escondem bons itens

As armas customizadas são bem interessantes e bem pensadas no contexto do jogo, mas a faquinha é parceira para toda hora, principalmente após se acostumar com o uso de armas de fogo.

Praticamente todas as casas e edificações do jogo podem ser exploradas e quase sempre há uma recompensa para quem busca itens colecionáveis ou mesmo pequenos diferenciais dentro do jogo. Ainda nesta linha, gastar tempo para ganhar mais experiência ou dinheiro é uma boa! Os upgrades realmente tornam Deacon e sua moto melhores e valem seu preço.

A moto é o único meio de transporte existente em Days Gone e demanda manutenção e abastecimento constantes. Ela sempre está sempre marcada no mini-mapa, já que não é possível prosseguir e deixá-la para trás. Serve também para o salvamento rápido, muito necessário! Jogadores menos cuidadosos terão que empurrar a moto, se não ficarem atentos ao marcador de combustível ou aprender a usá-lo de modo eficaz, como colocando na banguela em descidas.

É possível entrar na maioria das casas e edifícios

Semente plantada

É impossível jogar Days Gone e não enxergar partes de outros jogos de sucesso dos próprios estúdios da Sony. Horizon Zero Dawn, Uncharted e, claro, The Last of Us estão lá, sem muito floreio. Embora essa seja a única comparação possível entre esses blockbusters e o game da Bend Studios, é evidente que o jogo tem ambição de se tornar uma franquia de sucesso.

Só 2 anos e já tá todo mundo meio maluco

A falta de experiência da produtora pode ter pesado na hora de assumir este grandioso desafio. A equipe da Bend Studio passou de 50 para 130 funcionários durante o processo de desenvolvimento de Days Gone, como disse o Diretor Jeff Ross em entrevista.

Longe de ser um jogo ruim, o sentimento que fica é que poderia ser melhor, mas que, assim como a própria fluidez dentro do jogo, tende a melhorar no futuro e sim, se tornar uma grande IP do PlayStation.

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