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Contra: Rogue Corps não atinge expectativas da franquia

Contra: Rogue Corps foi lançado recentemente como uma nova investida da Konami. O objetivo seria encerrar o hiato da sua mais bem-sucedida franquia run and gun, a série Contra.

Nascida na era de ouro dos consoles 8-bits, a série Contra sempre teve como característica um gameplay frenético com cenários memoráveis em 2D e chefes alienígenas que preenchiam a tela. Tudo isso rodando com o que tinha de mais belo para a época. Sua dificuldade insana até hoje causa pesadelos nos gamers mais hardcores. Entretanto o prazer de atirar em tudo, usando o melhor da sua jogabilidade acelerada e viciante, era uma das sensações mais gratificantes.

Seria possível a Konami se superar e entregar um game nos padrões atuais que mantenha o altíssimo nível da série?

Que jogo é esse?

No inicio da aventura o jogo tenta se situar contando uma história que se passa logo após os acontecimentos do terceiro jogo da série. Em Contra III: The Alien Wars, do Super Nintendo (1992), a humanidade saiu vitoriosa ante a guerra com os aliens.

Em dado momento, uma nova ameaça surge do subterrâneo terrestre de maneira tão avassaladora que as autoridades não conseguem impedi-la. Como último recurso, quatro mercenários badass são convocados para dar um fim na ameaça e restaurar a paz.

Contra: Rogue Corps

Quando o jogo começa, logo percebemos que as mudanças foram drásticas e em todos os sentidos. A jogabilidade, antes frenética, deu lugar a um gameplay mais cadenciado, lento e, até certo ponto, com pitadas de estratégia.

A apresentação de tudo, desde os heróis, inimigos, mecânicas, é puxado pro bizarro. A história do jogo tenta demais criar um clima que não casa com a série.

Diferente

Já no primeiro momento, a câmera isométrica mostra uma visão diagonal e sem controle direto por parte do player. Em diversos momentos há uma transição, travando em posições diferentes que mudam a perspectiva do jogo.

O jogador usa o analógico esquerdo para controlar o personagem e o direito para controlar a mira, enquanto atira em inimigos que se repetem incessantemente com o gatilho direito. Essa releitura do estilo “twin-stick” não funciona bem e torna momentos simples em confusões de botões.

Contra: Rogue Corps

Existe também uma arma secundária, uma super bomba que explode tudo como um ataque especial. Por fim, um movimento de esquiva também serve como um ataque coletivo, embora seja muito mais fraco que os ataques padrões.

O uso das suas duas armas, primária e secundária, é regulado por meio de um sistema de aquecimento. Atingindo-se o seu limite, causa uma interrupção momentânea em sua cadência de tiros. A todo momento é necessário passar de uma pra outra, ou então os inimigos terão tempo para atacar.

Protagonistas

A trupe de infames mercenários é composta de quatro delinquentes:

  • Kaiser – o clássico soldado casca-grossa que usa uma metralhadora como arma principal e uma secundária que atira misseis teleguiados;
  • Srta. Harakiri – uma humana que foca na agilidade, usa lasers e uma motosserra;
  • BV (Bicho Voraz) – um urso panda forte e lento com sua metralhadora e uma arma de brocas;
  • Cavalheiro – um cyborg alienígena que dispara lasers e toca fogo nos inimigos com sua arma incendiária.
Contra: Rogue Corps

Entre a execução de cada missão, o jogador tem a opção de visitar a oficina para dar aquele upgrade nas armas ou até adquirir uma outra ferramenta de destruição totalmente nova. Mas só é possível carregar duas armas por vez numa missão. Além da oficina, um outro recurso legal é a sala de cirurgia. Aqui o jogador pode investir na compra e transplante de um novo órgão para o seu combatente que vai lhe propiciar novas habilidades em batalha.

Se esse conceito meio bizarro não bastasse, o jogador ainda tem a opção de contratar o seu próprio cirurgião, sendo que os mais caros são mais propensos a entregar um serviço de transplante de melhor qualidade. Assim refletindo diretamente na maximização de poder das habilidades.

Contra: Rogue Corps

O sistema de fases é clássico, com dezenas de hordas de demônios extraterrestre e sempre com um chefão no final de cada fase. Seguindo um caminho linear até o fim de cada missão, é aqui que o jogo começa a se perder um pouco.

Pelo Contrário

A história, totalmente irrelevante, sofre a ameaça de ficar totalmente esquecida. A partir do momento em que o jogador percebe que o importante é a obtenção de recursos, todo o pano de fundo é deixado de lado. A graça está em captar para investir no upgrade e compra de armas e órgãos.

Logo, o jogo se torna deveras repetitivo. Dada a constante repetição das missões com o único objetivo de acumular loots, evoluir seu personagem e eliminar demônios alienígenas. Não há diversificação alguma no decorrer do game.

Contra: Rogue Corps

Os gráficos datados nem são tão problemáticos em Contra: Rogue Corps. O level design empobrecido, com vastas repetições de cenários sem nenhuma inspiração, são desanimadores.

O som do jogo cumpre bem o seu papel, inclusive com versões aprimoradas de alguns clássicos. Mas o grande calcanhar de Aquiles de Contra: Rogue Corps é um problema bizarro que acontece com os seus comandos.

Um tempo de resposta enorme entre o momento em que o jogador digita os comandos até a execução dos mesmos na tela torna tudo problemático. É tão bizarro que a simples tarefa de pular uma plataforma torna-se algo que beira o impossível, sobretudo até o player perceber que é só apertar o botão um segundo antes do limite para o salto.

Virtudes

Acredite, Contra: Rogue Corps também tem as suas virtudes. Dentre elas podemos destacar a cooperação durante as missões com mais três amigos. Essa opção está habilitada tanto no coop local, ou até mesmo cada um no conforto do seu lar por meio da internet. Afinal, festa forma é mais fácil conseguir se divertir no game.

Contra: Rogue Corps

Outro ponto bastante positivo é o já citado sistema de personalização dos heróis. As opções são as mais variadas possíveis, tanto em armas quanto em partes do corpo para transplante. Essa diversidade é o que mantém o interesse no game, fomentando o interesse do jogador em repetir infinitamente as missões em busca de loot.

Contra do Contra

Respondendo à pergunta inicial, podemos dizer que Contra: Rogue Corps não traz de volta o legado memorável da série Contra, embora isso não signifique que o jogo seja totalmente ruim.

De alguma forma Contra: Rogue Corps pode ser divertido, desde que não seja comparado à franquia original. Basta ao jogador não lembrar do gameplay frenético e visceral dos jogos clássicos e abrir a mente aberta para algo mais cadenciado e repetitivo. Principalmente se tiver amigos divertidos no coop.

Contra: Rogue Corps

Os controles atrapalham bastante a diversão, mas o modo cooperativo tem um potencial enorme de divertir. Bons companheiros podem aliviar o marasmo das incessantes repetições de missões em busca de loot. Portanto, se o jogador estiver disposto a dizimar alguns aliens em boa companhia, Contra: Rogue Corps rende algumas horas de diversão. No final, repetiu-se àquela máxima de não mexer muito em games que tem sua história consolidada.

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