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Dead Space Remake potencializa aspectos marcantes do game original

Foi com a popularização do gênero Survival Horror, lá no final dos anos 90 com o saudoso Resident Evil, que os consoles receberam uma enxurrada de games nesse estilo a fim de surfar na onda do sucesso alheio e garantir um retorno volumoso sem arriscar demais na indústria. É claro que essa ação coletiva resultou em mais títulos esquecíveis do que as poucas pérolas que ainda são lembradas com sentimentos nostálgicos por parte dos jogadores. Entretanto, esse não parece ser o caso da franquia Dead Space que, apesar também seguir a tendência daquele momento, conseguiu se destacar evoluindo – de certa forma – um gênero já saturado ao fundamentar a sua narrativa aterrorizante em um universo de ficção científica espacial. E foi assim – em 2008 – que nasceu o primeiro Dead Space, um game Survival Horror de ficção cientifica cujo o diferencial foi a sua aposta no desmembramento dos inimigos e na sensação claustrofóbica que só a solidão do espaço sideral poderia transmitir para o jogador.

Dead Space

Coincidência ou não, o ano de 2023 segue uma tendência estabelecida há pouco de apelar para a nostalgia do jogador trazendo jogos Survival Horror do passado – especificamente a série Resident Evil – que deve ter chamado a atenção da Eletronic Arts para o relançamento do seu título de terror raiz que marcou uma geração. Eis, então, que temos o privilégio de testemunhar o renascimento do game original de 2008 totalmente reconstruído e sob a alcunha de Dead Space Remake, um game que se compromete a respeitar o DNA do título original ao mesmo tempo em que melhora pontualmente alguns detalhes fazendo desse Remake a sua versão definitiva.

Igual, mas diferente

Não é exagero dizer que Dead Space Remake transmite a mesma vibe do game original de 2008, porém executado de forma a potencializar todas as características que fizeram daquele jogo uma obra marcante. Refeito do zero, segundo palavras da desenvolvedora Motive Studios, o game aproveita todo o poder dos consoles de nova geração e PCs e a versatilidade do motor gráfico Frostbite para entregar para o jogador uma das experiências mais bem sucedidas quando o assunto é remake.

Dizer que Dead Space Remake possui uma das apresentações gráficas mais belas até então nessa geração, apesar de ser um fato, é deveras leviano. Toda a beleza em sua apresentação tem um propósito que vai muito além de entregar uma experiência agradável aos olhos do jogador, que é potencializar a experiência de gameplay.

Usando o poder das máquinas da atual geração foi possível para a Motive Studios ampliar o clima de terror com névoas volumétricas, um sistema de iluminação que permite criar um clima perturbador e solitário, além de detalhes nos NPCs e inimigos que deixa o mundo do game muito mais crível do que a experiência proporcionada no game original de 2008.

Um bom exemplo dos benefícios que o salto geracional trouxe para os jogadores é que agora é possível ver com os próprios olhos a laceração dos tiros de sua arma nos membros dos inimigos, de forma a tornar possível que o gamer deduza não só a efetividade dos seus projéteis, como também se ocorrerá, ou não, o desmembramento esperado nas criaturas.

Quanto a história, tudo parece estar no seu devido lugar assim como no game original e – de fato – a estrutura narrativa segue intacta. De maneira bem sucinta, o jogador controla Isaake Clarke, um engenheiro espacial que recebe um pedido de socorro de uma nave de mineração conhecida como USG Ishimura, mas ao chegar no local ele se depara com uma barbárie que dizimou misteriosamente a tripulação da dita nave. A partir daí, ele decide investigar o acontecido e, em dado momento, se depara com o sobrenatural e o resto é uma história de ficção científica das melhores na indústria dos videogames.

Dito isto, Dead Space Remake dá um passo à frente e – mesmo mantendo a originalidade em sua narrativa – o game evolui de forma a expandir significativamente a interação entre o personagem principal e os NPCs do game, dando mais naturalidade, humanidade, carisma e tornando mais crível o personagem principal. Nesse ponto, o game vende melhor a ideia de Isaac de ser o salvador da USG Ishimura, tornando mais humana e carismática toda a história contada durante o game. Sendo assim, a Motive Studios coloca um ponto final em uma das maiores queixas dos jogadores com o título de 2008, quando Isaake Clarke parecia mais um robô do que um ser humano.

Tão importante quanto o upgrade visual é a introdução do áudio 3D que completa com maestria o pacote assustador do game. É incrível o trabalho da Motive Studios com o Tempest Audio do PlayStation 5 – plataforma testada – de forma expandir consideravelmente a experiência assustadora que foi prometida desde o game original.

A sinergia entre o visual estonteante e os estímulos sonoros em Dead Space Remake funciona de maneira realmente incrível e singular, fazendo deste título uma das experiências mais assustadores da geração, com jumpscares corriqueiros durante a gamplay, mesmo que o jogador seja experimentado no estilo de jogo.

A jogabilidade, por sua vez, mantém a estrutura do jogo original, mas com algumas singelas polidas a fim de tornar mais confortável a experiência geral do jogador. Os controles parecem responder mais rápido e os elementos imersivos do DualSense trabalham com maestria em prol da imersão no terror espacial do game.

Algumas facilidades nos comandos modernizaram o controle geral de Isaac, mas nada ao ponto de podermos cravar que exista uma renovação nesse aspecto. Entretanto, o que fica mais notório durante a jogatina deve ser uma maior liberdade de exploração da USG Ishimura, que não bloqueia mais o retorno do jogador até as partes iniciais do game, mesmo em estado avançado da história, fazendo com que a experiência geral se torne menos linear.

Outra mudança bastante perceptível é a inserção de alguns elementos de gameplay que só apareceram nas sequencias do primeiro título, como a capacidade de Isaac se desprender do chão em ambientes de gravidade zero e passear como em uma estação espacial. Nada que reinvente a roda, mas é um detalhe considerável que deixa a gameplay mais fluida em vários momentos importantes do game.

Vale a pena?

Dead Space Remake funciona como uma aula sobre como trazer novamente à vida um clássico dos videogames e o seu resultado é um produto que certamente agradará todo o tipo de jogador, seja ele um fã raiz da série que almeja uma obra intocável ou mesmo um jogador regular que só quer uma experiência aterrorizante moderna.

É bem verdade que a modernização do título trouxe consigo alguns bugs de colisão, física e até um bem grave que, caso o jogador seja atacado mortalmente durante o ato de “salvar” o game, sua aventura será comprometida até que o gamer recomece  desde o início, caso contrário Isaac já vai nascer morto pelo golpe que sofreu durante o processo. Entretanto, sabemos que essa situação pode e deve ser corrigida em breve, com algum patch.

O fato de a Motive Studios saber usar com maestria o poder dos consoles e PCs atuais para reviver esse clássico já seria um bom motivo para qualquer jogador adquirir Dead Space Remake. Entretanto, quando o estúdio usa o poder dos consoles para agregar valor na atmosfera do clássico levando o mesmo a um patamar muito superior ao produto original, dá para dizer que se trata de um game obrigatório e feito com muito carinho para os fãs e jogadores casuais.

Em suma, Dead Space Remake é um grande presente para os fãs da franquia, independente do seu nível de exigência, ao mesmo tempo em que entrega uma experiência capaz de agradar a grande parcela atual que não teve o privilégio de curtir o título original de 2008, fazendo dessa obra mais um título obrigatório na nova geração de consoles.

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