Desenvolvido pela produtora espanhola Inverge Studios, Effie é um jogo de plataforma 3D independente que tem como alvo trazer à memória dos jogadores o que houve de melhor nos jogos de mesmo gênero e que marcaram época há duas ou três gerações passadas.
A história de Effie é bem simples, assim como o jogo em sua totalidade, porém bem apreciável. Talvez nem pela história em si, mas a maneira como ela é contada no game, funcionando super bem e de uma maneira até inovadora, por assim dizer.
O jogo funciona como uma bela leitura de um livro infantil, onde um atencioso vovô conta para a sua querida netinha Effie, que dá nome ao game, as fantásticas fábulas de um jovem guerreiro.
A maior parte da história é contada em paralelo ao gameplay, algumas vezes servindo somente para suprir a curiosidade do jogador quanto ao andamento da mesma, outras vezes dando dicas importantes sobre o que deve ser feito para o prosseguir na história por parte do jogador. É interessante ressaltar aqui que tudo funciona com uma harmonia perfeita, despertando cada vez mais o interesse de quem segura o controle. Tudo é basicamente narrado em terceira pessoa, gerando muitos momentos de humor nas falas. Por seu estilo, legendas e textos em português fazem uma grande falta, dificultando a compreensão por crianças.
Gameplay
No começo do jogo, descobrimos que controlamos Galand, um astuto e jovem guerreiro do reino de Oblena que, em determinado momento, se encontra com uma bruxa conhecida como Melira. Por sua preguiça, Melira decide puni-lo com um feitiço e retira alguns anos de sua juventude. Logo, sua missão é enfrentar a bruxa Melira ao longo de quatro capítulos de história no jogo, para recuperar os seus anos perdidos.
No controle de Galand o jogador logo percebe o belíssimo level design presente no game. Repleto de cores vibrantes e com vários caminhos horizontais e verticais, a experiência de exploração é deveras gratificante já no primeiro castelo do game, que também funciona como um tutorial mais elaborado.
Um pouco mais adiante, Galand recebe sua primeira e única arma de combate que lhe acompanhará até o fim de sua jornada, um escudo. Entretanto, seu escudo funciona de maneira bastante peculiar, não apenas o defendendo mas também servindo como uma arma de ataque letal, e é aí que as coisas começam a ficar meio confusas.
O Super-Escudo
O combate acontece sempre de maneira desengonçada, com muitas falhas na detecção dos golpes e com um certo desequilíbrio no desafio dos primeiros contatos com os inimigos.
A capacidade de defesa do escudo, que pela lógica deveria ser a principal da ferramenta, acaba por se tornar totalmente irrelevante ao logo dos enfrentamentos, forçando o jogador a se perguntar o porquê dele não ser definitivamente uma espada. Além disso, a variedade dos inimigos é praticamente inexistente, tornando a experiência do combate o grande ponto fraco do jogo.
O grande alivio fica por conta do jogo ser focado efetivamente na parte da exploração e dos puzzles. Com poucas batalhas, o jogo sempre incentiva o jogador a explorar o ambiente, seja na distribuição geográfica dos segredos que liberam o andamento da história ou na caça aos coletáveis, que são somente dois: as relíquias e as runas.
As relíquias funcionam somente como um adendo à história do game, mostrando algumas informações úteis relativas ao mundo de Oblena. Já as runas têm um papel fundamental na evolução do personagem, pois são elas que garantem a experiência para a subida de nível do personagem, tornando-o mais forte em seus golpes e com mais vitalidade.
No fim do primeiro castelo, o jogador vai se maravilhar com a imensidão do reino de Oblena. Contudo, o seu funcionamento é apenas como uma espécie de lobby, onde o jogador vai escolher uma nova dungeon para se aventurar.
Se aventurando por Oblena
No gigantesco reino de Oblena, o escudo de Galand funciona também como uma espécie de skate flutuante, uma ideia bem legal da equipe de desenvolvimento para que Galand se movimente com mais agilidade sobre o reino.
Além de sair em busca do próximo desafio, Galand também pode recuperar algumas runas perdidas ou relíquias, mas o desafio em Oblena para por aí. O que é uma pena, pois claramente existiu um potencial enorme ali que não foi aproveitado.
Nos demais capítulos, compreendidos entre cada dungeon disposta no game, Galand recebe uma habilidade única. Esta acaba por se tornar primordial para o avanço na dungeon. E nesse aspecto é onde Effie realmente brilha, pois é nítido que todo o level design passa a ser pensado para tirar o melhor proveito da nova habilidade, tornando impossível o avanço sem abusar da mesma.
No final de cada fase, Melira aparece para acertar as contas. Contudo, é importante salientar que até nas batalhas com Melira, o falho sistema de batalha é posto em segundo plano. Nelas, o jogador vai ter que se preocupar mais com os desafios impostos pela bruxinha do que com o combate em si.
Mundo interessante
Embora seja um jogo muito curto, em torno de quatro ou cinco horas de gameplay no máximo, no geral Effie agrada bastante. Os controles funcionam de maneira muito boa na exploração dos ambientes e incentivam o jogador a investigar ao máximo cada canto do jogo.
A trilha sonora, mesmo que não seja marcante, atua pontualmente e de acordo com os acontecimentos na tela. Isso enriquece de maneira muito satisfatória a imersão como em um conto infantil.
Enfim, Effie é um jogo que provavelmente vai agradar uma boa parte dos jogadores que tem uma certa afinidade pelo gênero. Até porque é notório que existiu uma percepção da equipe de desenvolvimento no que realmente funciona. É ali que o jogo realmente estabelece o seus alicerces para se desenvolver melhor.
Effie está disponível para PlayStation 4 e PC e foi analisado com cópia cedida pela produtora.
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