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Em Outward narrativa fica por conta do jogador, mesmo!

Em tempos onde controlamos heróis dispostos a salvar o mundo, com histórias bem elaboradas e com grandes reviravoltas nos  jogos de videogames, a Nine Dots tenta fugir do óbvio entregando um jogo de RPG de mundo aberto onde o protagonista é uma pessoa normal, que está ali com o objetivo principal de sobreviver em uma sociedade que o condena por erros que a sua família cometeu no passado. Como fazê-lo? Outward não vai te dizer como, justamente porque esse é o grande desafio do jogo: escrever a sua própria história.

A aventura no game se inicia na criação do personagem que, apesar de não ter recursos avançados, cumpre bem o seu papel de dar vida a algum tipo de camponês comum, sem grandes aspirações, até que tomamos o controle da nossa criação e descobrimos que o primeiro direcionamento que o game oferece é baseado em uma dívida que seus ancestrais têm com a comunidade, algo levado bem a sério no pequeno vilarejo de Cierzo, e o seu papel é pagar essa dívida com sociedade.

Criação de personagem é básica

O jogo é uma mistura de RPG – gamers acostumados ao estilo se sentirão a vontade com os vários menus e atalhos – e crafting, em que juntar materiais para construção de novos e necessários itens é primordial. Outward tenta simular de maneira bem verossímil como seria sobreviver em um mundo de fantasia medieval e, para tornar isso possível, o jogo acaba se mostrando um tanto cruel com o jogador.

A vida não é fácil

Em Outward as ajudas são escassas e não existem objetivos principais e secundários pré-determinados, tudo depende do seu nível de interação com a comunidade a fim de entender quais as necessidades deles e só assim receber sua recompensa devida por atender a tal necessidade. Este tipo de dificuldade é extremamente nítida no mapa do jogo, que funciona literalmente como um pedaço de papel em suas mãos e não marca nem sua posição atual nele, tampouco a direção dos objetivos, obrigando o jogador a usar a geografia do ambiente na tentativa de se localizar. Isso acaba gerando, principalmente no começo, a muitas caminhadas desnecessárias.

Colher frutos silvestres é sempre importante

O sistema de exploração proposto pelo jogo é bem complexo e exige tempo até que o jogador o domine por completo. Aqui, todas as questões fisiológicas do personagem devem ser levadas em consideração e simples erros como não cuidar de quesitos básicos de alimentação, hidratação e cansaço podem levar ao fracasso da missão, porém o jogador ainda deve se atentar bastante ao fato de que os recursos naturais oferecidos pelo jogo podem causar doenças no personagem, o que torna o conhecimento na produção de remédios à base de ervas imprescindível para a sobrevivência no mundo selvagem. Não menos importante aqui é a questão do inventário limitado, onde o jogador vai passar horas tendo que decidir sabiamente o que levar em cada jornada e os espólios que devem ser recolhidos após o êxito. Mochilas grandes tornam o personagem lento, e as pequenas, obviamente, carregam pouca coisa, então é sempre bom deixar uns itens no bolso também!

O clima também tem um papel importante e que não deve ser ignorado, pois o personagem sente frio ou calor dependendo da situação. O jogador precisa considerar se o mais importante no momento é a proteção contra a perda de pontos no status proveniente dos aspectos climáticos e ambientais ou melhores atributos para o personagem em possíveis confrontos.

As batalhas são um ponto alto em Outward devido a grande diversidade de estilos possíveis, proporcionando maneiras bem distintas de luta para que o jogador possa se apegar ao que mais lhe agrada. Aqui, o jogo oferece aos mais ousados a capacidade de poder se equipar com um escudo e uma espada, partindo para cima das criaturas ou ladrões que rondam o mundo do jogo, ao mesmo tempo em que um jogador mais cauteloso pode optar por permanecer à distância, usando suas magias ou colocando armadilhas para incapacitar os seus adversários.

Loot após matar um inimigo

Os inimigos podem até não ser muito variados, mas certamente são bastante poderosos e podem acabar com o seu personagem com apenas dois ou três golpes. Isso faz com que todo o progresso seja perdido. Na verdade, como não existe um sistema de level no personagem, o grande prejuízo fica por conta dos itens e do loot conseguido até o momento da morte. O jogador cauteloso deverá sempre procurar baús para guardar itens de maior relevância que não estejam sendo usado naquela missão especificamente. Ainda falando da morte, ela não chega a acontecer propriamente, já que são explicadas como algum conhecido ter te encontrado inconsciente e te levado de volta à sua cabana, algum forasteiro ter te largado em alguma caverna desconhecida ou mesmo o inimigo ter te arrastado para o fundo de sua toca.

Melhor com amigos

Uma das mecânicas mais divertidas em Outward é o fato de toda a experiência poder ser vivenciada com a cooperação com um amigo, seja ela online ou local, por meio de tela dividida. É aí que o game se torna muito mais divertido e até mesmo mais fácil, a partir do momento em que os jogadores percebem que podem compartilhar os espaços no inventário de maneira mais eficiente e criar emboscadas que deixarão os inimigos em uma posição delicada nas batalhas.

Mapa com função “se vira”

O modo funciona de maneira muito competente sem comprometer em nada a experiência. As conexões são rápidas, eficientes e não foram percebidos os famosos “lags” durante as partidas – talvez isto seja a explicação pelo visual mais simples que é apresentado no jogo, dando a entender que o primordial no desenvolvimento sempre foi a performance em detrimento aos gráficos.

O mais legal aqui é que o jogador não precisar criar uma partida especifica ou um “lobby” de jogo para acomodar os jogadores, bastando um dos interessados habilitar o modo para permitir que o outro entre sem nenhuma perda de progresso para nenhuma das partes envolvidas, o que torna o modo cooperativo a maneira definitiva de jogar Outward.

Experiência

Mundo aberto. Pontos de referência são necessários!

Outward faz uma aposta bem arriscada quando ignora os conceitos já consolidados atualmente nos jogos de videogame, ignorando completamente premissas de orientação e organização de quests. É claro que essa decisão traz um forte componente de realismo ao jogo e podemos dizer que a mecânica, de fato, funciona.

Certamente quem busca experiência gráfica de última geração ficará decepcionado com o jogo, já que aparentemente a ideia é priorizar o gameplay e o compartilhamento de uma “vida de aventuras” junto a outros jogadores. Os loadings entre as mudanças de mapa são um pouco cansativos, mas nada que já não tenha sido experimentado em RPGs consagrados da geração. Também não há legenda ou diálogos em português.

Tela de loading traz dicas úteis

Outward se destaca pela profundidade e singularidade de um verdadeiro RPG, permeado com elementos de crafting. O modo cooperativo é uma grata surpresa e facilita bastante a experiência, mas é necessária persistência e foco para dar andamento na história. Não podemos ignorar o fato de que essa decisão diminui bastante a base de jogadores que se sentirão à vontade em topar o desafio proposto. Isto pode se tornar um grande obstáculo na popularização do game infelizmente, já que é nítido o esforço dedicado pela equipe em fazer com que cada gamer viva uma experiência única.

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