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FIFA 23 aposta no certo e destaca presença feminina no futebol

Quem acompanha a série FIFA desde que a Electronic Arts (EA) introduziu o nome da entidade máxima do futebol em seu game lá em 1994 está saudoso de antemão ao saber que FIFA 23 será o último com este nome. Talvez por isso a EA tenha optado pela “bola de segurança” em seu último jogo da franquia. Realmente quem está acostumado a jogar os principais modos de jogo sentirá pouquíssima diferença, seja na gameplay ou na questão gráfica.

A mais notável mudança é a presença reforçada de mulheres no jogo de futebol, um ambiente normalmente dominado por homens. E apesar de destacarem a introdução da liga inglesa feminina inclusa em sua totalidade e licenciada, ainda é pouco para oferecer uma experiência significativa de futebol feminino. Em pesquisa divulgada ano passado, foi constatado que apenas 4% dos jogadores experimentavam este modo de jogo. Houve também o movimento #botaelasnojogo protestando no sentido de que fossem inseridas as jogadoras da Seleção Brasileira com nomes corretos no jogo.

Obviamente são passos importantes e colocar à disposição ao público opções, mas a bem da verdade, a maioria dos jogadores terão contato mesmo com as árbitras, que fazem aparições constantes em todos os modos de jogo, contando inclusive com linhas exclusivas dos narradores e comentaristas.

Super-Chute e Companhia

Não dá pra dizer que a EA não tentou inovar em alguns aspectos da gameplay, como a introdução do super-chute, bolas paradas e da trivela, mas são mecânicas que ainda precisam de refinamento. No decorrer das partidas ainda funcionam de forma quebrada. Por exemplo, as trivelas aplicadas de longa distância costumam enganar os fracos goleiros do jogo mesmo com o chute indo no meio do gol. As mudanças nas cobrança de faltas e escanteios dividem opiniões já que, apesar de aumentar a variedade de possibilidades, incluindo o gol olímpico, não são muito amigáveis para jogadores com pouca experiência no game. O escanteio curto reina absoluto.

Já o super-chute foi apresentado como uma forma de contornar o problema de auto-block dos defensores, que acabam se atirando na frente da bola em qualquer situação de risco, fazendo muitos jogadores apelarem para uma retranca imperfurável. Ao apertar os botões de ombro mais o botão de chute, o jogador entra em slow-down para que dê tempo de mirar o chute que vai com uma potência desproporcional. Jogando com a máquina gera situações cômicas, de tirambaços impossíveis. E jogando contra outros players, dificilmente é possível finalizar o movimento antes de ser bloqueado. Ou seja, não resolveu em nada o auto-block.

A boa notícia de gameplay é que o jogo parece respeitar um pouco melhor as características de cada jogador, valorizando mais passes precisos e disputas corpo a corpo, diminuindo um pouco a sobressalência da velocidade do jogador em detrimento aos demais atributos. Porém a correria não está morta e não são raras as vezes que um jogador veloz aparece na frente de todos os defensores, bastando vencer o goleiro.

Em relação ao futebol real, foram introduzidas as 5 alterações no tempo normal e uma adicional caso a partida vá para prorrogação. Por outro lado, o VAR, maior mudança do futebol nos últimos 100 anos, não é nem mencionado novamente, nem mesmo como perfumaria.

FUT e o Resto

Ainda em se tratando de “bola de segurança”, a EA optou por manter os mesmos modos de jogo da ultima versão do game, destacando-se, obviamente, a mina de ouro, o FIFA Ultimate Team, que deverá mudar pelo menos no nome para a próxima versão.

Neste modo os jogadores precisam montar seus times com jogadores encontrados em “pacotes”, como se fossem coleções de figurinhas ou cards. O lado positivo é que a EA vem se esforçando para diminuir a impressão de caça-níquel do FUT. No FIFA 23 foi introduzido o modo Momentos que recompensa o jogador com estrelas por completar determinadas atividades específicas que representam momentos passados ou atuais do futebol. Essas estrelas podem ser trocadas por pacotes ou cartas singulares.

No mais seguem os modos Partida Rápida, com diversas variações possíveis, Pro Clubs e Volta Futebol, reunidos em uma aba – o que demonstra sua colocação em segundo plano -, Temporadas e Carreira. Assumir e controlar o AFC Richmond, time fictício do seriado Ted Lasso (Apple TV+), é uma das coisas mais divertidas que o FIFA 23 oferece. O clube também pode ser utilizado em todos os modos de jogo, com o treinador que traz o nome da série, demais personagens, incluindo os jogadores, e características do time, como escudo e uniformes.

O Futuro

Não é de agora que a série FIFA flerta, e inclusive já conta, com muitas experiências fora do mundo “autêntico” do futebol, e parece que este é o caminho escolhido para as versões que virão.

Durante as partidas, vemos pela primeira vez, por exemplo, a EA destacar uma nova feature de desenvolvimento, o HyperMotion 2, que aparece como uma fonte de estatística em alguns replays dentro das partidas. Essa nova ferramenta permite mais detalhes na reação física dos jogadores entre si e também em relação à bola.

A inclusão do cross-play, que permite que jogadores de variadas plataformas se enfrentem também parece um passo em definitivo rumo ao futuro da série.

Seria interessante ver um recomeço na parte gráfica do jogo, que evolui muito pouco de uma versão para outra mas, principalmente, na ambientação nacional. Gustavo Villani e Caio Ribeiro parecem menos entrosados na atual edição, muito por que Villani puxa assunto com frases antigas já gravadas por Caio, que trabalhou ao lado de Tiago Leifert até a versão do FIFA 21, prejudicando o fluxo das narrações.

Com acertos pontuais e mantendo a fórmula de sucesso dos anos anteriores, não tem como dizer que FIFA 23 não agrada seus fãs, principalmente no modo Ultimate Team. E também é totalmente compreensível que a EA possa ter guardado as grandes mudanças para seu título do ano que vem, o EA Sports FC, que esperamos que além da herança da série FIFA, implemente grandes novidades no melhor simulador de futebol do mercado.

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