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Greedfall possuí bom enredo mas falta polimento

A produtora Spiders nos agracia com um jogo que promete ser um marco para a empresa entrar definitivamente no Hall das grande desenvolvedoras. A bola da vez é Greedfall, publicado pela Focus Home Interactive. No jogo, a dev tenta se aproveitar de todo o aprendizado e experiência adquirida ao longo dos anos de desenvolvimento em vários projetos. O mais famoso é Technomancer, que foi muito aguardado pelo público mas acabou por decepcionar os fãs. Apesar do potencial presente no game, o resultado final ficou aquém do prometido.

Greedfall é um jogo de ação e aventura pra lá de ambicioso. Com elementos de RPG bem profundos e uma proposta de jogo super ousada, ele inclui uma mecânica de desenvolvimento de personagem muito bem diversificada. São várias decisões durante a história que vão determinar o caráter do personagem. Além disso, as interações podem ter como resultado aliados ou inimigos. Uns estarão dispostos a sacrificar a sua própria vida lutando ao seu lado, outros não medirão esforços para te caçar onde quer que você esteja.

De Sardet e a Pestegris

A história do jogo se passa no século XVII e o jogador controla o herói De Sardet. Ele não tem uma estrutura física pré-definida no game, sendo a criação da mesma uma das primeiras obrigações do jogo. De Sardet é um herói que convive com conflitos internos devido ao desejo de ser um explorador, embora seus laços com a realeza imponham barreiras. Eis, então, que surge uma praga com potencial devastador, conhecida apenas como Pestegris. Ela começa a devastar não somente a cidade que serve de lar para De Sardet, Serene, com todo o continente. Neste momento, a maior chance de sobrevivência é explorar um novo continente conhecido por Tir Fradi, que pode esconder a cura para a Pestegris.

É bastante óbvio que De Sardet não perderia a oportunidade de desbravar uma terra desconhecida, contudo perigos o aguardam. As ambições dos demais exploradores e os próprios demônios de De Sardet virão à tona para tornar a sua tarefa o mais difícil possível.

Com essa história extremamente sólida e viciante, que prende o jogador já no primeiro minuto de jogo, Greedfall tem a grande ambição de responsabilizar o jogador pelas suas escolhas e ações. Elas serão determinantes para o rumo o qual a mesma tomará. Diversas facções que também buscam a cura para a Pestegris estarão sempre no caminho de De Sardet. Elas podem agir como amigos ou inimigos, tudo sob amplo controle do jogador e por meio de escolhas. Todo o tempo sua integridade e sua índole serão testadas! São intenções variadas como benefício político, enriquecimento próprio ou até algumas trocas de favores. As facções são uma peça primordial no andamento da sua jornada. As atitudes podem, inclusive, facilitar demais o combate, ao criar amizades e juntar guerreiros à trupe de De Sardet.

Às armas

O combate acontece em tempo real e tem algumas peculiaridades. Um exemplo é acertar guardas vestidos de armaduras com o martelo para despedaçá-las e depois usar a espada para ter mais eficiência em causar dano. Para completar o arsenal, De Sardet ainda conta com revólveres, anéis imbuídos de magia e armadilhas dos mais diversos tipos. Muitos deles dependerão da progressão do jogador nas suas habilidades.

Ainda na questão de desenvolvimento de personagem, também podemos citar a árvore de evolução de atributos. Nela, o jogador vai definir a destreza das suas habilidades, assim como a sua quantidade de vida e mana para a conjuração de magias, por exemplo.

Tais habilidades são evoluídas por meio da distribuição de pontos ganhos em cada nível. As várias possibilidades que ditarão para que tipo de guerreiro o jogador quer que De Sardet evolua. É possível investir em vocação para magias, na força bruta de um guerreiro ou até um rato das sombras que deixa armadilhas trabalharem por ele.

Por último, mas ainda mais importante que as outras duas árvores de evolução, o game também oferece ao jogador a opção de desenvolver talentos. Por meio de um menu especifico, De Sardet vai aprender novos talentos, assim como desenvolver cada um deles para ter maior eficiência ou alcance. Nos casos dos baús trancados com cadeados no início do jogo, basta desenvolver o talento de arrombar cadeados para ter acesso aos seus tesouros. Em outros casos, como a persuasão de inimigos durante os diálogos, o aprendizado de certo talento não basta para evitar batalhas desnecessárias. Nesse caso,  o importante é o desenvolvimento de vários níveis de persuasão para obter o êxito mediante o grau de instrução da pessoa abordada.

Greedfall

Quase no controle

Em termos visuais, Greedfall faz o possível para entregar cidades bem detalhadas. Sempre mantém uma fidelidade impressionante à época a qual se passa a história e com uma diversidade incrível da população. Entretanto, os gráficos datados conseguem destruir grande parte do trabalho da desenvolvedora. Eles ainda vêm com uma vasta quantidade de bugs que faz algumas texturas ou até partes inteiras do vestuário de alguns errantes e até mesmo de De Sardet e sua trupe simplesmente desaparecer em alguns momentos.

Greedfall

Embora as cidades aparentem funcionar de maneira bem orgânica, com uma população ativa e sempre muito bem povoada, as interações com o que está acontecendo com o ambiente são muito pobres. As manifestações são irreais, seja durante um combate com vários assassinatos a céu aberto, ou até mesmo um tiroteio.

Esses pormenores gráficos podem ser relevados em prol de um gameplay sólido, mas é uma pena que este não é o caso aqui. Os controles têm várias respostas imprecisas, ora rápida demais, ora lenta ou ausente em momentos cruciais. Contudo, o terror vem à tona ao controlar a câmera, que na maior parte do tempo não responde bem e mais atrapalha do que ajuda.

Greedfall: Conclusão

É evidente que Greedfall acerta em vários pontos durante a aventura como um todo, principalmente no que tange a história super envolvente e os mistérios do protagonista que vão sendo revelados no andamento do jogo. Isso deixa o jogador muito íntimo com o mesmo, sempre querendo avançar para descobrir mais dos seus segredos.

Greedfall

Além disso, a profundidade do enredo se abrange para todas as facções de maneira bem intrínseca, trazendo um sentimento maior de responsabilidade nas ações de De Sardet para com cada uma delas, pois é nítido que a relação entre eles em algum momento da história vai ter um peso determinante na condução da aventura.

Greedfall pode não ser o melhor game do gênero, mas ainda assim pode ser considerado o melhor jogo do estúdio Spiders, que normalmente coloca nossas expectativas lá no alto quando anuncia algum novo game. Sua ousadia e pretensão é demasiada sobre os ombros de Greedfall e certamente o jogo ainda tem alguns problemas a serem corrigidos, mas, ainda assim, a experiência com o jogo é bem gratificante e divertida. Sua duração prolongada certamente vai agradar em cheio os aventureiros que curtem visitar cada vilarejo em busca de um entendimento melhor da cultura presente no game, mesmo que os controles e as animações toscas não colaborem muito como um incentivo.

Greedfall

É inegável o fato que de o jogo apresentar lampejos de uma grande produção durante a sua execução, o que nos deixa com uma certeza: quando o estúdio Spiders acertar a mão em alocar o mesmo nível de talento empregado no desenvolvimento da história e dos personagens, certamente teremos em mãos uma obra prima da indústria dos videogames.

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