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Gris traz arte em forma de game e justifica prêmios recebidos!

Desenvolvido pela Nomada Studio e publicado pela Devolver Digital, Gris é mais um jogo que segue o padrão de levar a arte ao ambiente dos jogadores de videogame, assim como Jorney, Okami e tantos outros, mas com uma identidade própria.

Gris

Podemos até concordar que os jogos de videogame, em sua concepção atual, já podem ser considerados um tipo de arte no seu próprio estilo. Contudo, Gris é um jogo que vai além e tenta mesclar a arte dos jogos de videogame com a arte das mais belas e enigmáticas pinturas abstratas.

O resultado pode não agradar a todos, porém é inegável o fato de que Gris é muito competente ao tocar nas mais profundas emoções dos jogadores, desde que ele esteja disposto a se envolver na mensagem passada pelo game.

Viva sua história

E qual seria essa mensagem? Não sabemos, pois Gris é um jogo em forma de arte que conta uma história em particular para cada jogador, claro que com um rumo pré-definido pela direção do jogo, mas ainda assim o sentimento é de total intimidade com o que está acontecendo na tela.

Gris

A história de Gris certamente é sobre redenção, reconstrução e autoconhecimento, porém ela não é contada para o jogador, ela é vivida.

Não existem textos, falas ou qualquer truque que atine o jogador para uma história qualquer ou uma pessoa qualquer. Assim preferimos acreditar que o jogo retrata um momento de dificuldade, tristeza e luto do próprio jogador.

No início, é palpável a sensação de solidão e depressão da personagem sem nome no mundo de Gris. Num mundo fragmentado, sem vida e sem motivos para seguir adiante, seu único recurso é caminhar em busca de esperança.

Gris

Tal situação e sentimento é fielmente retratado em forma de arte, num mundo despedaçado e sem vida que acaba se revelando como o próprio momento de luto do jogador.

Logo, a esperança lhe proporciona recursos que o farão capaz de romper os desafios do seu trauma ao longo de uma jornada de redenção e autoconhecimento até o seu final triunfante, com muita luz e vontade de viver. E assim é como podemos descrever a arte envolvente em Gris.

A arte de jogar

Enquanto jogo, Gris possui características que poderiam facilmente torna-lo um jogo enfadonho devido a sua falta de desafio, porém não é o que acontece aqui, pois o jogador logo entende que tudo tem um propósito.

Sua característica de jogo de plataforma com puzzles vai além da instintividade, atingindo um ponto em que podemos denominar como extremamente fácil mesmo. Os combates são inexistentes e sua vida e morte não são determinadas por nenhum tipo de habilidade, pois em Gris não existe a morte e o que vai determinar o seu fracasso é a sua desistência ante a resolução do seu problema.

Gris

Os controles do jogo não são muito exigidos mas quando são, cumprem muito bem o seu papel. Ainda que durante uma boa parte do inicio do game só exista a possibilidade de caminhar e pular obstáculos que não oferecem perigo algum, ao longo da sua jornada de auto-descoberta algumas habilidades são aprendidas, mas sempre com a sensação de pleno controle por parte do jogador.

Os gráficos do jogo são incrivelmente fantásticos e poéticos, ao mesmo tempo em que não podem ser definidos como algo simplesmente visual e a parte no game. Aqui é muito importante ressaltar que Gris tem uma característica única, que é a sinergia perfeita entre o seu visual e sua parte sonora.

Imersão

Como numa pintura que vai ganhando vida enquanto o jogador vai se redescobrindo, Gris se desenvolve de uma maneira singular em paralelo com sua trilha sonora fantástica. Fato é que seus sons vão muito além de uma setlist de músicas aleatórias, abusando de harmonias que são capazes de trazer efetivamente à tona os sentimentos correspondentes ao que acontece na tela.

Em todas as suas nuances, Gris certamente é um jogo fantástico e até mesmo inovador em sua concepção de estimular a imaginação do próprio jogador quanto ao desafio proposto pelo game.

Tecnicamente não há muito o que discutir, pois o jogo alcança uma primorosa combinação de elementos de áudio e vídeo, com uma harmonia capaz de imergir por completo o jogador ao longo da sua aventura.

Ir além

Gris é um jogo que ousa ser mais arte do que game em um ambiente de videogames e, se mal compreendido, certamente não vai agradar. Contudo, o jogador que decidir se entregar ao propósito do game, certamente terá uma das mais gratificantes experiências nos jogos de videogames da atualidade.

Gris

A versão lançada agora para PlayStation 4 ganhou aprimoramento em mais de 5 mil assets para aproveitar a capacidade do PS4 Pro. Além disso, a trilha sonora também foi integrada com menos compactação, com áudios mais limpos e brilhantes.

Se analisado friamente como um jogo – e só como um jogo ordinário de consoles – Gris não passaria de um indie de plataforma, sem inimigos para combater e com alguns puzzles de dificuldade duvidosa, ou seja: genérico. Porém Gris passa longe de ser um jogo chato e sem desafio, justamente por inserir totalmente o jogador no contexto dos acontecimentos do game. O trunfo é fazer o jogador acreditar que o jogo está contando a sua história, tornando irrelevante a falta de um desafio mais agressivo e focando mais na resolução do seu problema.

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