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Need for Speed: Unbound muda estilo da franquia mas honra origem

Desde meados dos anos 90 a veia da série Need for Speed focada em corridas clandestinas que desafiam as autoridades em busca de prestígio e – de quebra – uma boa quantia, garantiu um espaço especial no coração dos gamers. Rapidamente, Need for Speed Underground, Hot Porsuit e alguns outros títulos da franquia alcançaram um status “memorável” dentre a comunidade, ao contrário dos jogos mais recentes que deram uma certa impressão de depreciar o produto do que de elevar o seu patamar.

Need for Speed Unbound

A fim de trazer novamente à memória dos seus fãs o melhor que a série já ofereceu, a Criterion Games concebe Need for Speed Unbound, um novo capítulo de Need for Speed focado exclusivamente nos consoles de nova geração e PCs mais parrudos, tudo para entregar a melhor experiência possível aos jogadores. Tal experiência será o foco desta breve análise que visa elucidar ao jogador onde Need for Speed Unbound se encaixa na série como um todo, assim como qual é a sua inspiração dentro da própria série de jogos e as novidades que esse jogo traz para a franquia.

Uma nova história já conhecida

Sem nenhum pudor de repetir a receita batida de contar a superação de um piloto clandestino, que em dado momento de sua vida tudo dá errado e o recomeço é o único caminho plausível para reconquistar tudo o que se perdeu por um determinado motivo, Need for Speed Unbound parece apenas trocar os personagens envolvidos em uma trama que qualquer fã da série já imagina como deve se desenrolar a história.

Em Need for Speed Unbound o personagem principal criado pelo jogador começa o game como uma lenda das corridas de rua, com um carro estupendo e uma certa fama na cena das corridas de rua. Sempre em parceria de sua melhor amiga Jasmine e do eu mecânico e amigo Rydell Rydes, o protagonista vive os seus melhores dias na belíssima Lakeshore City, uma cidade fictícia claramente inspirada em Chicago, riquíssima de detalhes em suas rodovias e vielas repletas de desafios em cada esquina.

Need for Speed Unbound

Em dado momento, Jasmine dá uma missão ao jogador onde tudo começa a dar errado e o seu mundo começa a desmoronar. A partir daí, a oficina de Rydell Rydes é pilhada por uma gangue e todos os pertences do protagonista, o que inclui seus carros que são subtraídos numa operação orquestrada por ninguém menos que sua melhor amiga Jazmine, desaparecendo em sequência.

Sem nenhum tostão no bolso e nem mesmo um monociclo para um pequeno show nos semáforos de Lakeshore City, cabe ao protagonista focar seus esforços em levantar a oficina Rydell Rydes em meio a um salto temporal que o game dá, por um período de 2 anos.

Passado esse período e vivendo uma vida que sequer se aproxima da glória experimentada no início do game, o protagonista e Rydell se deparam com uma oportunidade de ouro, que é vencer o famoso torneio Lakeshore Grand. A oportunidade de estar novamente em voga no mundo das corridas clandestinas de Lakeshore City está novamente ao alcance do jogador, bastando para isso desafiar corredores de toda Lakeshore City em rachas, a fim de juntar o dinheiro necessário para tornar seu carro competitivo e arcar com os custos do generoso torneio Lakeshore Grand.

Need for Speed Heat tunado

Desde o ínicio em Need for Speed Unbound fica evidente que o game toma para si a estrutura do último título da série – Need for Speed Heat – e incrementa não só a parte visual, mas também insere bastante mecanismos de jogabilidade a fim de tornar esse game um jogo mais completo do que a sua inspiração.

Começando pela dificuldade, dá para cravar que Need for Speed Unbound é o mais desafiador de toda a série, flertando com a injustiça e falta de balanceamento, inclusive deixando bem claro em seu tutorial que, ao menos inicialmente, o objetivo maior não é vencer corridas, mas terminá-las com mais dinheiro do que quando o jogador resolve encará-las.

Independente da posição de largada, todos os carros controlados por inteligência artificial vão ultrapassar o jogador na largada e o seu papel é tentar se aproximar da primeira posição, que será um tanto difícil na primeira metade do game. Um único erro e as chances de uma posição entre os três mais rápidos se esvaem quase que por completo.

É perfeitamente compreensível que, nessa parte, o jogador mais exigente imagine que é só repetir o desafio até que a sua meta seja alcançada. Entretanto, Need for Speed Unbound limita a quantidade de vezes em que o jogador consegue fazê-lo durante um dia virtual dentro do jogo, variando normalmente de 5 a 10 a depender da dificuldade. Por meio desse sistema de dias virtuais, a Criterion conseguiu estruturar uma mecânica simples, funcional e fundamental para dar ritmo as partidas. Nela, Cada dia é dividido em turnos diurnos e noturnos onde o jogador tem uma chance de sair da oficina a fim de capitalizar recursos para investir no seu carro, comprar novos veículos, pagar taxas para participar de eventos e principalmente se preparar para grandes desafios eliminatórios que acontecem todo sábado virtual, e servem justamente para definir os corredores que terão uma chance de competir no Lakeshore Grand.

Os desafios seguem a mesma premissa dos jogos da série, onde o gamer deve competir em corrida de sprint, drift, levar um carro do ponto A para o ponto B, destruir outdoors e alguns conlecionáveis mas, no fim das contas, tudo se resume em o jogador administrar bem seus recursos entre investir no seu carro, comprar novos carros e ainda ter dinheiro de sobra para pagar as taxas que garantem a participação nos torneios.

O contraste fez bem ao jogo

O controle dos carros são herança do Need for Speed Heat, com respostas rápidas nos comandos, mas com movimentos pesados como um tanque de guerra, típico de jogos de corrida arcade da série Need for Speed, logo não há muito o que acrescentar aqui. O mesmo se aplica a trilha sonora, que mantém a excelente qualidade dos títulos predecessores da franquia, mas com um estilo puxado para o Hip Hop. As batidas bem fortes e as trilhas certamente são as que qualquer jogador ouviria se estivesse pilotando uma máquina no padrão Need for Speed, então não há o que contestar na escolha das músicas do game.

Os gráficos, por sua vez, mesclam uma Lakeshore City praticamente foto realista com personagens em Cell Shading, estilo desenho animado. Esse contraste funciona muito bem e de maneira a entregar um clima e identidade única, que será lembrada por muito tempo na série Need for Speed, e isso se não se tornar um padrão daqui para frente.

Encerrando essa parte visual, temos os efeitos personalizáveis que o jogador pode inserir no seu veículo. Desta forma é possível que o jogador demonstre, em momentos oportunos, efeitos visuais 2D como asas, fumaça, rastros e outros efeitos que tornam o seu carango único e reconhecível de longe, tornando a personalização muito mais abrangente e divertida.

Vale a pena?

Need for Speed Unbound certamente é um jogo com potencial enorme de agradar jogadores sedentos por um bom jogo de corrida arcade no estilo dos últimos jogos da franquia, principalmente os fãs do Need for Speed Heat. O game avança em diversas mecânicas de gameplay, principalmente o sistema de dias virtuais, e dá uma elevada em sua dificuldade, mantendo suas raízes de risco e recompensa em corridas clandestinas.

O que certamente mais chama atenção no game é o contraste visual do realismo dos cenários com os personagens e efeitos dos veículos no bom e velho estilo de desenho animado, o que deu muito certo e acabou sendo o suficiente para dar uma nova alma a essa série que já demonstra sinais de cansaço ao longo das gerações.

Os velhos problemas de o jogo se tornar repetitivo devido ao looping do jogador ter que correr, fazer pontos, fugir da polícia, juntar e gastar dinheiro quase sempre da mesma maneira continuam lá, algo que alguns fãs de certa forma até esperam em um novo título da franquia. Entretanto, novos problemas parecem surgir neste novo título, como as colisões em guad rails e artefatos espalhados pela cidade de Lakeshore City. Por algum motivo bizarro, alguns guard rails, árvores e objetos diversos se desmancham como isopor, enquanto outros e mantém rígidos como titânio, de maneira totalmente aleatória e de forma a incomodar jogadores mais exigentes.

Em sua totalidade, Need for Speed Unbound é um jogo que deve agradar o seu público, principalmente os jogadores que gostaram de Need for Speed Heat, pois é um game que majoritariamente evolui ante o seu antecessor. Por outro lado, aventureiros cuja pegada é de um game de corrida com gameplay mais realista, podem não gostar desse título devido a sua jogabilidade arcade forçadamente mais pesada e a sua dificuldade por muitas vezes injusta. Entretanto, mesmo com seus problemas, Need for Speed Unbound é um autêntico jogo da série e que honra suas raízes, ao mesmo tempo em que traz um alento, principalmente visual, para os fãs que estavam com saudade de uma boa corrida de rua arcade.

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