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Octopath Traveler 2 entrega alta qualidade dos RPGs clássicos

referência em JRPGs, para o desenvolvimento do que seria uma franquia que carregaria o peso de reviver a experiência de um JRPG raiz nos tempos modernos. Fruto da união entre Masashi Takahashi e Keisuke Miyauchi – respectivamente produtor e diretor – veio à luz em 2018 o incrível Octopath Traveler, um game que fez sucesso razoável mas, por motivos desconhecidos, não deu as caras no PlayStation.

Em busca de corrigir essa injustiça, visto que o PlayStation sempre foi sinônimo de JRPGs de alta qualidade, a Square Enix presenteia os fãs dessa plataforma com Octopath Traveler 2, um legítimo JRPG nos moldes dos Final Fantasies raízes, que chega para preencher com maestria a lacuna de RPGs no estilo anos 90, de forma a gradar em cheio os fãs órfãos e sedentos por uma aventura de RPG mais old school.

O número 2 é apenas um detalhe

É legítimo que o jogador do PlayStation se pergunte o quão profunda será a sua experiência partindo diretamente para uma sequência de um jogo o qual não se teve acesso. A boa notícia é que Octopath Traveler 2 funciona totalmente à parte do primeiro game, pois, a narrativa entre os títulos não se conecta e, no fim, o game culmina por ser uma evolução do que foi a primeira aventura ao melhorar as mecânicas de seu antecessor.

Octopath Traveler 2

Isto posto, nesta análise vamos abordar o game como ele realmente é para os fãs do PlayStation, uma novidade que pode ser aproveitada em sua íntegra graças a independência criada em relação primeiro título, explicando sua jogabilidade, peculiaridades gráficas e tudo o que o jogador deve saber para se identificar, ou não, com o título.

Oito histórias diferentes

Como o nome já entrega, Octopath Traveler 2 conta a história de oito viajantes com caminhos diferentes, mas que se encontram em certa altura do game e começam a trilhar rumo à meta comum entre eles. A primeira tarefa do jogador é escolher o protagonista do seu próprio jogo, sendo este qualquer um dos oito personagens jogáveis disponíveis. Nesse momento o game já exige uma certa estratégia, pois cada personagem começa em um ponto específico do mapa e cabe ao jogador explorar os seus arredores para angariar mais seguidores, logo decidir um bom ponto de partida já pode facilitar por demais o trabalho do jogador.

Cada um deles oferece ao jogador a experiência de vivenciar uma história única e com propósitos convincentes e capazes de provocar uma empatia que cria um certo vínculo e estimula continuar cada momento no jogo com mais prazer. Essa técnica funciona muito bem para desenvolver cada personagem individualmente, entretanto, quando todos se unem, a história do conjunto parece não funcionar muito bem e o jogo passa a ter um aspecto mais genérico em sua narrativa, de forma a não convencer suficientemente bem o jogador a acreditar no interesse de cada um em participar da aventura como uma equipe.

Combate de turnos em seu auge

Com um grupo de no máximo quatro jogadores dentre os oito possíveis, o jogador deve coordenar quais serão os personagens com mais chances de êxito em combate. É preciso entender que para facilitar seu trabalho nas batalhas de Octopath Traveler 2, a primeira missão do jogador é entender qual é a arma capaz de quebrar a defesa dos inimigos até que o mesmo assuma uma postura de atordoamento. A partir daí, é só descer o braço – com qualquer arma – que o inimigo se torna incapacitado de atacar e toma muito mais dano.

Acontece que o sistema de combate de Octopath Traveler 2 vai bem além dessa premissa básica de pontos fracos, que mesmo assim deve ser dominada rapidamente, a partir do momento em que o jogo introduz em sua estrutura um sistema de profissões para cada personagem e também posturas de luta baseadas em pontos Boost.

No que diz respeito ao que afeta as batalhas, o sistema de profissões vai ditar o tipo e o nível de ataque de cada personagem, seja ele baseado em ataques melees, magias, ataques furtivos ou até a capacidade de empunhar determinada arma. Partindo desse pressuposto, o jogador tem para si um grande leque de estratégias ao combinar o seu quarteto dentro de oito personagens possíveis para um melhor enfrentamento em combate. Já no que tange ao sistema de pontos Boost, esse esquema nada mais é do que uma estrutura de batalhas que recompensa o jogador com um ponto extra em cada turno que, se combinado, se traduz em um ataque sequencial que gasta um desses pontos para cada ação.

Para completar o sistema de batalhas, o jogo ainda oferece uma habilidade latente para cada personagem que funciona como uma espécie de especial. Por meio dela, o jogador pode executar ataques poderosos capazes de dizimar hordas de inimigos simultaneamente, recuperar a energia do grupo e outros diversos poderes de acordo com a profissão de cada um.

Apresentação audiovisual

Como já adiantamos previamente, Octopath Traveler 2 apresenta um visual denominado HD-2D. Mas o que significa isso na prática?

Bom, é possível dizer que o game apresenta o visual mais diferenciado dos últimos tempos, e isso da melhor maneira possível. O visual como um todo é uma mescla de cenários 3D com personagens em sprites 2D, junto a um recheio de um filtro bem forte que resulta numa paleta de cores com um visual único nos jogos de videogame.

Apesar de colorido e diferente do senso comum nos jogos atuais, todos os elementos de arte são concebidos durante toda a aventura com um esmero ímpar pela equipe de desenvolvimento, casando com perfeição com a narrativa e motivação de cada personagem no jogo.

Se por um lado o trabalho visual é soberbo, lindo e criativo, as trilhas sonoras são tão competentes quanto. Desde os efeitos mais simples como uma ventania casual até uma trilha sonora pesada e emotiva exibem a grande qualidade do trabalho nesse aspecto, sem nunca deixar a desejar. Durante toda a aventura todo o trabalho audiovisual funciona em perfeita harmonia para entregar a melhor experiência imersiva nos acontecimentos da tela, algo louvável e provavelmente bem difícil com tanta peculiaridade empregada.

Vale a pena?

Definitivamente Octopath Traveler 2 é o game que melhor resgata a nostalgia de se jogar um JRPG raiz desde os tempo do Super Nintendo e Mega Drive. Sua arte peculiar é uma das coisas mais lindas disponíveis nos videogames, o combate em turno reformulado entrega tudo que um gamer raiz pode esperar, a construção individual de cada personagem é extremamente simpatizante e o conjunto da obra é de um valor positivo muito satisfatório. Entretanto, o game peca em alguns pontos cruciais que podem incomodar alguns jogadores.

O primeiro deles é a falta de localização para os jogadores aqui do Brasil. Com uma historia individual tão rica, acaba sendo um verdadeiro pecado que o jogo fique restrito apenas para jogadores que dominem o idioma inglês. Tal problema fica ainda mais evidenciado devido ao motivo do game trazer uma história de época, o que significa que a narrativa faz uso de um inglês mais refinado e culto, com uma compreensão um pouco mais complicada para quem está acostumado com um inglês informal e coloquial.

Octopath Traveler 2

Tem também o fato de que, apesar das história individuais serem riquíssimas e interessantes, a narrativa parece não funcionar para o grupo, com motivações fúteis e encontros que parecem a todo o tempo subestimar a inteligência do jogador.

Por último, e talvez nem seja um problema para um jogador raiz de JRPGs, a dificuldade é um pouco mais avançada dos que os demais jogos modernos. Nesse aspecto, Octopath Traveler 2 certamente vai exigir em diversos momentos que o gamer pare por vários momentos para dar aquela conhecida farmada se quiser ter uma chance, logo dá para dizer que o game não é tão receptivo para jogadores casuais.

Apesar dos pormenores citados, o game é uma incrível demonstração de que é possível renovar um gênero considerado morto, o caso dos RPGs de turno característicos da era 16-bits. O conjunto da obra supera em muito os seus poucos defeitos e fazem – definitivamente – deste um game totalmente obrigatório para os amantes de JRPGs desde a época de ouro dos anos 90.

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