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One Punch Man: A Hero Nobody Knows abraça seu material base, mas erra na execução

Quando é anunciado um jogo baseado em alguma obra como um anime ou filme, sempre fica uma curiosidade de como aquele mundo pode ser adaptado aos vídeo games. É seguro dizer que One Punch Man é uma dessas franquias, já que conta com um setting nada convencional.

Como adaptar um universo em que o personagem principal pode vencer qualquer inimigo com um soco? Como ficaria o balanceamento desse jogo? No dia 27 de fevereiro a Bandai Namco e a Spike Chunsoft nos trouxeram essas respostas com One Punch Man: A Hero Nobody Knows, game de luta lançado para consoles e PC.

Essa é a sua história!

One Punch Man: A Hero Nobody Knows reconta a plot da primeira temporada do anime pela perspectiva de um herói que acaba de iniciar sua carreira na Associação dos Heróis. A história avança à medida que o jogador escala nos rankings da associação e encontra desafios cada vez maiores.

A apresentação de One Punch Man: A Hero Nobody Knows agrada em alguns aspectos, mas deixa a desejar em outros. Ao iniciar o game, somos presenteados por uma abertura incrível, com animações grandiosas e música excepcional, que captura perfeitamente o clima do anime. Porém, no game, não encontramos nada com tamanha qualidade. Os modelos dos personagens são ok, mas as animações – principalmente fora das batalhas – são fracas e simplistas. Os cenários são simples e desinteressantes, até mesmo o ótimo uso das cores e do cel shading não ajudam o game a se destacar visualmente. Mesmo parados, certos NPCs demoram alguns segundos para carregarem, dificultando o ritmo do jogo, já que muitos deles trazem missões.

 Em contrapartida, a parte sonora agrada, com dublagem feita por atores do próprio anime e a trilha sonora representa muito bem o mundo que o jogo está reproduzindo.

O sistema de criação de personagem é um dos pontos mais divertidos do game. Apesar de começarmos com pouquíssimas opções de customização, à medida que avançamos pelo jogo, diversas lojas ficam disponíveis. Muitos itens e visuais específicos também podem ser adquiridos ao concluir missões.

Após criarmos nosso herói, iniciamos a patrulha pela cidade, que serve como um lobby para o game. Apesar de interessante o conceito de liberdade para explorar a cidade, depois de algum tempo a repetição passa a atrapalhar a experiência, já que não existe muito que se fazer por ali além de aceitar missões e ocasionalmente encontrar alguns itens ou inimigos.

A cidade é expandida ao decorrer da história, revelando novas áreas, personagens e lojas. Um dos lugares mais interessantes é o seu quarto, que, assim como seu herói, pode ser customizado. Não existe um uso específico para essa função, mas é uma adição divertida.

Seja o maior dos heróis!

O sistema de missões guia a progressão do game de diversas formas: ao aceitar missões pela cidade, seu personagem ganha experiência e respeito. Após a conclusão de algumas delas, a sede da associação reconhece os esforços do personagem e disponibiliza missões maiores que aumentam o seu rank de herói, além de avançar a história principal.

Infelizmente, toda essa experiência parece mais interessante no papel do que na prática. Mesmo que os sistemas de evolução de personagem e de história sejam boas ideias, as missões que o game fornece são repetitivas e entediantes. São diversas lutas contra os mesmos personagens genéricos, com eventuais parcerias com heróis conhecidos do anime ou lutas contra vilões, mas nada mais que isso acontece. Intermináveis lutas, com pequenas variações nas condições de batalha que não agregam em nada no combate em si.

Além das batalhas, algumas missões também exigem que o jogador pegue um item com um personagem A, entregue ao personagem B e retorne ao ponto de partida logo depois. E essas são as únicas variedades de missões que o game oferece.

O sistema de evolução do personagem já é um pouco mais interessante, já que é apresentado com um formato similar a jogos de RPG. Após completar qualquer missão, pontos de experiência ficam disponíveis para evoluir status como força, vida, entre outros. Também é possível selecionar estilos de luta e ataques diferentes, baseados em alguns dos personagens do elenco principal, mas, no final, os lutadores se comportam basicamente da mesma maneira no combate.

O vilão da história…

Falando em combate, é aqui que o game demonstra as suas maiores falhas. A Spike Chunsoft mais uma vez entrega em One Punch Man: A Hero Nobody Knows um arena fighter desinteressante como em, por exemplo, Jump Force, mas dessa vez ainda menos funcional.
Cada personagem tem à sua disposição um ataque fraco e um ataque forte e pode fazer combos extremamente limitados usando uma combinação dos dois tipos de ataque. Porém, após um determinado número de golpes o inimigo será derrubado e é impossível fazer qualquer coisa depois disso. E para piorar, os personagens demoram muito tempo para se levantar, quebrando o ritmo das batalhas e fazendo com que elas demorem mais do que deveriam.

Além dos combos básicos, os personagens também possuem golpes especiais, que são referências diretas de seus ataques no anime. No entanto, muitas vezes é mais difícil do que deveria linkar um desses especiais, já que o game parece ter certo delay entre o comando do jogador e a resposta do personagem, sendo a melhor opção utilizá-los a esmo e não em combos.

O game conta com um sistema de esquiva, porém é difícil de usar de forma concreta, pois é impossível de dizer se o comando foi reconhecido na hora que utilizado ou com o delay, resultando em certa “aleatoriedade” da mecânica.

Durante o combate, alguns eventos podem ocorrer, como a visita de um herói ou vilão, alterando algumas situações na batalha, ou mesmo entregando de power ups que beneficiam o primeiro a chegar ao local. Mas, assim como boa parte das adições do game, não agregam em nada.

Mas e aí? E o Saitama?

Opa, quase esquecemos de falar dele, o próprio “game breaker”, o Careca de Capa, Saitama! Como mostrado nos trailers, Saitama pode sim ser um dos três personagens no seu time de lutadores, porém há algumas condições: ele precisa ser o último personagem da equipe e chegará após algum tempo de luta. Para diminuir essa espera, o jogador precisa se sair bem na batalha e atingir o inimigo com alguns golpes.

Apesar de ser uma forma extremamente criativa de integrar o personagem ao game, a execução deixa alguns fatores para discussão. Já que Saitama finaliza a luta com apenas um soco e não pode ser derrotado, porque o jogador que está se saindo melhor tem acesso ao lutador primeiro? Dessa forma, é possível se aproveitar dessa mecânica tentando acertar um certo número de ataques e depois fugindo do inimigo por um tempo até que o careca chegue à luta.

Além da história

O game também sofre com a falta de conteúdo fora do seu modo história. Após a jornada do seu herói, o jogador conta apenas com modo versus offline e online, treino e partidas rankeadas. É possível modificar algumas das regras durante as batalhas do modo versus e usar um dos diversos personagens jogáveis. O jogo tem uma lista competente de heróis e vilões que mostraram suas caras na primeira season do anime e em breve possuirá algumas caras novas via DLC.

Faltou heroísmo

One Punch Man: A Hero Nobody Knows entende seu material base, mesmo que às vezes não o execute de maneira perfeita. Porém, o número de problemas que o jogo apresenta limita a experiência de qualquer fã, por mais apaixonado pelo anime que seja. O game já está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC.

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