Jogabilidade fluída, controles precisos, gráficos com momentos de tirar o fôlego, campanha variada, trama complexa e interessante, e um multiplayer que atende a necessidade. Tudo isto está presente em Ace Combat 7: Skies Unknown que certamente receberia mais atenção caso abordasse uma temática mais popular que combate aéreo.
A Bandai Namco acertou em um jogo que executa bem toda a função que se exige dele. Talvez o maior problema seja que Ace Combat 7 está um pouco atrás do seu tempo. Explico: Ele lembra muito games antigos em tudo que oferece, como a campanha, árvore de aeronaves e multiplayer, embora atenda formalmente e com solidez em todas estas áreas. Talvez fosse o caso de arriscar mais do que a presença de nuvens, que é a novidade na franquia.
Conhecendo os céus
Ace Combat 7: Skies Unknown segue a história da série, em um mundo chamado Strangereal, que é bastante similar à Terra, inclusive com armamentos desenvolvidos por aqui. O cenário expõe uma guerra entre Erusea e Osea, com tramas e reviravoltas dignas de um bom enredo, com diversas linhas de personagens que irão se cruzar no final em busca de seus objetivos.
O personagem que o jogador controla é Trigger, um piloto de talento mas que após uma suposta decisão errada acaba condenado pela Corte Marcial e resignado para uma ala de pilotos “rebeldes”, digamos assim.
Outro ponto positivo é que todo este desenvolver da trama acontece durante a gameplay, ou seja, é realmente o jogador que faz as coisas acontecerem – embora não haja, e nem seria o propósito do jogo, opção de tomar decisões diferentes.
Que avião!
Os gráficos, principalmente nas cutscenes e nos aviões estão fora de série, com muitos momentos causando a dúvida entre se é realmente gráfico ou um filme. Os personagens são bem detalhados e, principalmente nos closes, é possível perceber o quanto estão caprichados. O contraponto fica com as estruturas dos cenários como cidades e bases militares que, ao passar voando rasante, dão a impressão de achatamento.
A trilha e os efeitos sonoros também são extremamente bem feitas e encaixadas no jogo. Com fones de ouvido, fica ainda melhor! É possível escutar a aceleração das turbinas com perfeição. A música torna os momentos de tensão do jogo ainda mais dramáticos, com temas bem encaixados no jogo.
Outra beleza ímpar do jogo são os replays, que se iniciam após a conclusão de cada missão. O jogo repete tudo o que foi feito, com diversas opções de câmeras e também possibilidade de esconder as informações da tela. É de se admirar! Uma curiosidade que vale a pena ressaltar é que na tela de score, também após a conclusão de uma missão, é exibido um replay das ações executadas naquela fase, mas representadas graficamente.
Voa Voa
Assim como o mundo de Strangereal não é a Terra, mas parece bastante, Ace Combat 7 não é um simulador, mas parece bastante. A ideia claramente é abranger os jogadores de diversos níveis, seja os saudosos por um After Burner – no estilo trava a mira e atira – ou quem conhece realmente de aeronaves e quer se aprofundar em detalhes e configurações que farão a diferença no gameplay.
Isto fica claro logo no início do jogo, com a opção de controle entre Standard e Expert. Basicamente a diferença das duas é na virada da aeronave. Na Standard, o comando para virar realmente vira o veículo para o lado escolhido, já na Expert o avião rotaciona no eixo, precisando fazer a curva. Este segundo modo é mais fiel à pilotagem, mas não apresenta nenhuma dificuldade fora do comum, basta pegar o jeito da coisa. Aliás, é mais fácil sentir diferença no jeito de pilotar de cada um dos jatos. Querer fazer manobras arriscadas em um avião mais parrudo pode resultar em colisão e fim de jogo.
Jogar a campanha é essencial, até porquê é aí que se consegue desbloquear novas aeronaves e acessórios. Aliás, o único fator replay é justamente seguir diferentes linhas de desbloqueio e liberar todos os jatos e acessórios do jogo. Em uma gameplay é possível comprar uma linha completa com os créditos ganhos.
O que pode ser um pouco confuso é o excesso de informações que são passadas durante a campanha. Praticamente toda hora tem alguém falando alguma coisa, que pode ser importante ou não, e isto misturado aos frequentes alarmes de mísseis inimigos pode fazer com que se perca uma ordem e acabe resultando em falha na missão. Pelo menos, em quase todas as fases há checkpoints para recomeçar de um estágio mais avançado. A dificuldade do jogo é agradável e torna necessário se dedicar aos objetivos determinados. Sair matando todo mundo nem sempre é a solução pois muitas vezes é necessário prestar atenção ao tempo de missão.
Falando nisso, a campanha acerta justamente em entregar missões variadas. No total são 20 fases que mesclam conseguir o maior número de pontos em determinado cenário, desafios de dirigibilidade, atingir objetivos específicos e também confrontar chefes. A alternância entre elas é muito boa e não torna o jogo cansativo, exceto se tiver que repetir a mesma inúmeras vezes – por incompetência ou por ter selecionado a arma errada para aquele objetivo específico e só perceber isso na quarta ou quinta tentativa. Sim, as vezes é importante voltar para a base e trocar a arma especial escolhida para completar mais facilmente as missões.
Cada aeronave é equipada com um míssil básico e uma opção de bomba especial, que pode ser tanto para confrontos Ar-Ar como Ar-Terra. Algumas são mais poderosas, outras causam explosões maiores, ou também perseguem jatos mais acrobáticos. A experiência é fundamental para escolher a bomba certa e tornar menos complicado cumprir os objetivos.
Nuvens de algodão
A presença e o relacionamento com as nuvens e eventos climáticos é a grande novidade de Ace Combat 7. Embora não ofereçam uma inovação fora do comum, afetam de maneira significativa o gameplay, quando o jogador é colocado nestas situações.
O mais básico que uma nuvem oferece é livrar o player dos mísseis teleguiados de inimigos. Basta atravessar um denso mar de brancura que o projétil se perde no horizonte. Mas nem toda nuvem é amiga. Enfrentar uma de areia no deserto te deixa praticamente cego e também tem aquelas frias em que a aeronave chega a congelar e limitar os controles.
As rajadas de vento e climas diferentes também influem bastante na dirigibilidade. O jeito de retratar a influência de fatores externos torna realmente difícil manter o curso de pilotagem, mas nunca chega a ser empecilho para o cumprimento de uma missão. Em uma delas, inclusive, é necessário passar por nuvens de tempestade que soltam raios. Se um deles atinge a nave, desliga a parte elétrica, que é retomada pouco depois.
Apontar, Fogo!
O multiplayer de Ace Combat 7 tem 2 modos de jogo. Um é o famoso “cada um por si” em que 8 aeronaves entram na arena e quem sobreviver é o vencedor. O outro é com batalha entre equipes formadas por 4 jogadores, que lutam entre si.
Elas atendem bem a necessidade de um multiplayer em um jogo como Ace Combat 7, mas faltou algum apelo extra, alguma novidade para prender a atenção.
Encontrar salas para jogar não é difícil. O que complica é esperar que cada participante escolha e configure seu avião. O jogo começa após o OK de todos e mesmo com um chat básico com mensagem como “Vamos começar!”, aguardar é cansativo.
É importante lembrar também que nem todos os acessórios desbloqueados no modo campanha servem para usar no PvP. Isso é importante e torna mais justas as batalhas, exigindo mais do piloto do que dos equipamentos.
Pouso Seguro
Ace Combat 7: Skies Unknows é um jogo que executa perfeitamente seu papel. Entrega uma experiência de combate aéreo que abrange tanto quem quer só jogar umas bombas em alvos marcados como quem realmente curte e se interessa por diversos modelos de aeronaves.
Os controles são fluídos e respondem com perfeição. A adrenalina vem no pacote, principalmente ao realizar algumas manobras elaboradas ou rasantes passando a milímetros do solo.
Enquanto se mostra atual com qualidade gráfica, o jogo parece se prender a uma fórmula do passado ao apresentar uma campanha robusta e variada sem inventar muito e um multiplayer que cumpre o papel.
O jogo está disponível desde 18 de Janeiro, com legendas e menus em português
Ace Combat 7: Skies Unknown foi testado no Xbox One X, de onde vieram as capturas para ilustrar esta matéria. O modo VR, assim sendo, não foi testado nem avaliado.