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Pouco inovador, Far Cry New Dawn mostra mundo pós-apocalíptico inusitado

Em 2012 a Ubisoft revolucionou a franquia Far Cry com o terceiro título da série. Foi simplesmente épico quando fomos questionados pela seguinte frase: Alguma vez eu já te disse qual a definição de insanidade?“. Depois daquele ano, com a estreia de Vaas como vilão do game, a franquia descobriu um caminho de sucesso a seguir, apresentando no começo de seus títulos um psicopata que traria arrepios aos jogadores com cada decisão macabra.

Como responder a pergunta de Vaas? Seria “insanidade” se manter fazendo as mesmas coisas há quase uma década? Será que os fãs estão cansando da mesma insanidade de Far Cry?

New Dawn mostra um pós-apocalipse colorido e vivo

A conclusão de Far Cry 5

New Dawn trouxe um pouco de desconfiança aos fãs por ter sido lançado muito próximo a Far Cry 5, lembrando que este não tem nem um ano desde o lançamento oficial. O título é apresentado como um game “Stand Alone”, que seria um híbrido entre um título grande e uma DLC, e é tratado como uma aventura independente para dar uma conclusão ao antecessor.

O enredo se passa 17 anos após Far Cry 5, onde Carmina Rye, filha de Nick Rye – personagem importante de Far Cry 5 – explica que “nasceu no mesmo dia em que o mundo acabou”. Obviamente para entender esta colocação é preciso saber o final de Far Cry 5 – Spoiler Alert! – que acaba justamente com a explosão de uma bomba que força os seres-humanos a viverem no subsolo por 6 anos, em espécies de bunkers.

Diferentemente do que sempre é mostrado em games e filmes, quando uma explosão de imensas proporções atinge o planeta e torna a superfície estéril e inabitável., em New Dawn acontece o oposto: A flora e a vida animal prosperam de forma sem igual, ignorando a presença dos humanos, após o período de radiação. A Ubisoft inclusive afirmou que realizou pesquisas e entrevistas com especialistas para basear o mundo pós-apocalíptico colorido de New Dawn.

Após o período de reclusão, os humanos finalmente retornam a superfície na esperança de prosperar novamente. Passados 17 anos, a humanidade começa a criar assentamentos e se estabilizar novamente. Mas, como de costume, alguns fogem da realidade e começam a desafiar o sistema, surgindo daí os Salteadores, um grupo de ladrões e baderneiros liderados pelas gêmeas Mickey e Lou, as principais vilões do game.

Far Cry é uma série que se identifica pela importância que seus vilões assumem na narrativa, e as gêmeas conseguem se encaixar neste papel. Mickey seria a “cérebro” da dupla, agindo com mais estratégia e sabedoria, e Lou a compulsiva, com mais impulso e violência. Pela primeira vez o game traz dois antagonistas principais, onde a vilania é mais uma vez o ápice do game, já que as gêmeas complementam suas personalidades como uma espécie de “Yin-Yang”.

As vilãs do game Michelle e Louise ou Mickey e Lou


Os Salteadores agem roubando e destruindo assentamentos, e o que não lhes servem, eles matam, torturam, queimam e se divertem, para depois simplesmente ir embora e encontrar novos locais. Carmina foi uma das vítimas dessa gangue, tendo seu assentamento destruído e seus amigos mortos. Em meio ao caos, surgiu um nome e uma esperança para a resistência – seu nome é Thomas Rush.

Thomas é um líder nato, motivado à reerguer a resistência e dar uma vida pacífica para as pessoas que necessitam, e quem o ajudará nessa caminhada será seu fiel escudeiro e braço direito, o Capitão – ou Capitã – que será o protagonista controlado pelo jogador. Eles passam por diversas localizações em seu trem ajudando as pessoas, e a próxima região será Hope County. Carmina então parte em direção à Rush para convencê-lo a ajudar Prosperity, uma cidadezinha controlada por sua mãe, que está com receio de que os Salteadores, que estão passando por regiões próximas, lhes cause problemas. Infelizmente tudo dá errado pois o trem foi atacado pelas gêmeas, é aí que o game começa.

Lindo como sempre e gameplay pouco inovador

New Dawn não fica atrás no quesito beleza, trazendo toda a qualidade que a Ubisoft consegue implementar na franquia. O estilo “punk-rock” e a flora colorida adicionam uma pitada de novidade para o estilo pós-apocalíptico, com vegetação com vários timbres de cores vivas, e uma fauna modificada, onde vemos animais levemente modificados por causa da radiação. O céu do mundo de New Dawn também sofreu alterações, aparecendo constantes auroras-boreais, seja de dia ou a noite. Vemos também localizações onde a flora não cresceu como devia, com cenários desérticos contrastando com as florestas. A beleza de Far Cry New Dawn é inquestionável e segue a mesma linha de seu antecessor.

A personalização não é um dos focos do game. No início, o jogador poderá escolher o sexo de seu personagem, e mais a frente um modelo de rosto e roupas, além de cor da pele e cabelo. O game pode ser jogado em modo solo ou com amigo em co-op, o que vem acontecendo há algum tempo na franquia.

Os gráficos de New Dawn são surreais

A gameplay segue a mesma receita de bolo, com sua visão de primeira pessoa em mundo aberto com alguns toques de RPG. O sistema de progressão é o mesmo dos anteriores com poucas inovações. Este é um ponto que pode jogar tanto a favor como contra o game, ora agradando, ora cansando alguns jogadores.

A experiência para melhorar alguns aspectos do protagonista, como resistência à dano ou mais espaço para armas, é ganho em cada missão finalizada. O jogador também precisará realizar as missões de alguns personagens secundários pelo mapa, ajudando-os a resolver problemas e levando-os para sua base, onde cada um exercerá uma determinada função, que poderá ganhar melhorias.

Os postos avançados dos inimigos também estão de volta. Ao eliminar todos os alvos daquela região, a resistência aumenta sua área de atuação no mapa, além de liberar novas missões e atividades.

A novidade mais visível estão nas armas, que além das tradicionais, se destacam com um sistema de criação de armas personalizadas com materiais encontrados pelo jogo, seguindo a linha de “Fallout”. É possível criar Lança-Serras ou Fuzis com Tubos e Fitas Adesivas, trazendo uma perspectiva de mundo pós-apocalipse e a necessidade de recolher recursos. A base principal, Prosperity, também pode ser melhorada durante a campanha utilizando materiais como etanol, metais e outros, que também assumem papel de moeda do game. Subir o nível de Prosperity fortalecerá armas e veículos, além de proporcionar alguns upgrades no personagem. O game também mantém a tradicional variedade de veículos, seja de aviões à motos com metralhadoras acopladas, presente na franquia.

Armas criadas com materiais encontrados são interessantes

Um futuro promissor a frente?

New Dawn é uma boa porta de entrada para novos jogadores, mas que parecerá muito familiar para veteranos. O game é sólido com algumas novas ideias, mas para quem já acompanha a franquia há algum tempo, fica aquela sensação de que já jogou aquilo antes.

A beleza dos cenários e a ambientação pós-apocalíptica pavimentam um caminho que pode ser interessante para a série, se decidirem seguir nesta linha. Far Cry certamente precisa de um tempo para se reinventar. Um enredo mais elaborado elevaria o nível de New Dawn, que peca justamente ao não ter a profundidade necessária para se destacar e manter a gameplay sem inovações, pro bem e pro mal.

Lançado em 15 de Fevereiro deste ano, Far Cry New Dawn está disponível para Xbox One, Playstation 4 e PC.

Esta análise foi realizada graças à gentileza da Ubisoft que cedeu código do jogo, que rodou no Xbox One.

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