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The Dark Pictures Anthology: Man of Medan inicia bem série de terror

O gênero de terror cinematográfico, no qual o papel do jogador é na maior parte do tempo responsável somente por tomar decisões que vão influenciar no andamento da história apresenta a sua mais nova empreitada, que promete muito suspense, sustos, momentos de investigação e o terror em um novo nível de experiência com The Dark Pictures Anthology: Man of Medan. O novo jogo já carrega a bagagem da Supermassive Games, que nos brindou há um tempo atrás com Until Dawn, um dos melhores jogo de terror cinematográfico e que agora tem sua coroa ameaçada por este primeiro capítulo. Ao todo, estão planejadas 5 histórias para The Dark Pictures Anthology, publicado pela Bandai Namco, que o disponibiliza nos consoles PlayStation 4 e Xbox One e também no PC.

Homens da onde?

The Dark Pictures Anthology: Man of Medan

A história principal desse primeiro capítulo, Man of Medan, já é meio que um mistério desde o próprio nome, afinal, o que é Medan? E quem são seus homens? Bom, podemos dizer que o jogo é baseado na fábula do navio SS Ourang Medan, da segunda grande guerra que naufragou na costa da Indonésia. Nunca ninguém foi capaz de revelar se o navio realmente existiu, mas a narrativa baseada em relatos diz que toda a tripulação morreu sob circunstâncias suspeitas. Ourang, em uma tradução direta do malaio ou indonésio significa homem ou pessoa, e Medan, por sua vez, é uma cidade da Indonésia, daí vem o nome Man of Medan, ou homem de Medan em português.

Explicado o nome do jogo, é hora de se envolver e entrar de vez na história. É aqui que The Dark Pictures Anthology: Man of Medan começa a brilhar, pois o jogo que já se inicia demonstrando ao jogador à que veio. Para isso, ele usa um truque cinematográfico que introduz ao jogador/telespectador qual é a mensagem real do jogo, seus perigos, mistérios e o clima do gameplay diretamente em um primeiro momento, por meio de um capitulo inicial que explica o alicerce da história que será contada durante a aventura principal. Dessa maneira, o jogador é poupado de uma introdução ou tutorial que poderia quebrar o clima, a fim de desenvolver os personagens principais da campanha. O suspense já cria todo um impacto que motiva o jogador a ter um interesse pelo que virá a seguir.

O começo estabelece um ritmo bem marcante de terror com elementos sobrenaturais, apresentando os intensos momentos finais do SS Ourang Medan e de sua tripulação durante a Segunda Guerra Mundial, até o corte para a aventura principal proposta pelo game, já nos tempos modernos, onde quatro grandes amigos e a capitã de uma pequena embarcação partem em busca de uma exploração de resquício de equipamentos da segunda grande guerra. Mal sabem eles que o destino reserva mudanças irremediáveis em suas vidas para sempre.

Uma figura muito marcante, e porque não dizer importante, e recorrente é a do Curador.No melhor estilo “Contos da Krypta”, ele atua como o contador de história e fiel da balança das ações do grupo. Suas entradas são momentos de alívio no ritmo tenso e serve para definir os capítulos da história, embora não haja uma divisão delimitadora. O Curador avalia seu desempenho, julga suas ações, dá algumas dicas que precisam ser interpretadas e, cinematograficamente falando, quebra a quarta parede envolvendo completamente o player no jogo.

Controle seu destino

The Dark Pictures Anthology: Man of Medan

Ok, essa é a história, mas é só sentar no sofá e assisti-la até o seu desfecho? Bom, não é bem assim que funciona. Apesar do jogo manter um cerne a ser seguido em qualquer tentativa de gameplay, a maneira como ela será contada e os seus múltiplos desfechos vão depender somente do jogador, pois durante o desenrolar da história não somente é possível fazer as escolhas por cada um dos participante da aventura aterrorizante, como controlá-los em determinados períodos. Por exemplo, em vez de ir direto ao objetivo, pode-se fazer uma busca no local para encontrar segredos que explicam melhor o que ocorreu no SS Ourang e até premonizar insights dos perigos que virão em decorrência das suas escolhas. Sendo assim, podemos dizer que o jogador está no controle o tempo todo e a responsabilidade da sobrevivência de cada um depende somente das escolhas tomadas em cada cena, o que vai influenciar diretamente nos rumos que a história vai tomar, com todos sobrevivendo até o final ou até mesmo, no pior dos casos, sem nenhum sobrevivente e um final precoce da aventura.

O mais interessante aqui é que a Supermassive Games conseguiu se superar na sua mecânica de escolhas mesclando um ambiente em que o jogador deve desenvolver as características sociais entre os membros da aventura por meio de escolhas de diálogo. Resultante disso, o grau de sociabilidade entre os membros de cada cena especifica vai habilitar novas opções de ações à serem tomadas e assim abrir um leque de novas opções de gameplay ao longo daquela jogada específica. Isso torna a história vivida por cada player única e eleva o nível de replay ao máximo, para aqueles jogadores hardcores que pretendem explorar cada nuance do jogo.

O ponto mais alto da jogabilidade é o controle total de cada personagem em momentos chave da história para que haja uma exploração e uma imersão maior no mundo proposto pelo game. Esses momentos vão além do estágio de desenvolvimento do caráter de cada personagem e nos coloca na pele de cada um, aumentando o nível de intimidade, colocando de vez o jogador no clima do jogo, e também dando a possibilidade de recolher dicas sobre o que o futuro guarda para cada um dos participantes, além de ser o ponto máximo, em termos de terror, no jogo.

Susto Coletivo

The Dark Pictures Anthology: Man of Medan

É notório o esforço da Supermassive Games em causar uma boa impressão logo no primeiro conto e isso fica muito evidente quando nos adentramos nos modos de jogo que foram disponibilizados para ampliar as maneiras de curtir o game.

A primeira opção é o clássico modo solo, onde o jogador vive a aventura sozinho e controla cada uma das ações dos participantes da aventura nos seus momentos chave. Num primeiro momento é de se imaginar que esse seja o menos interessante dos modos, visto as imensas possibilidades das opções cooperativas – as quais falaremos a seguir. Mas não o subestime: é aqui onde o jogador vai encontrar a melhor experiência aterrorizante que o game pode proporcionar. Reunindo aspectos que potencializam o clima do jogo, como a jogatina noturna e um ambiente solitário e silencioso, o jogador pode se preparar para uma experiência ímpar, altamente assustadora, perturbadora e, certamente, só os mais fortes, psicologicamente falando, vão ter condições de seguir até o fim. Por isso, esse é o modo em que o jogador que busca ser aterrorizado deva começar, já que as sensações que os desenvolvedores querem passar são melhores aproveitadas neste modo.

A opção de percorrer a história num modo cooperativo online é deveras interessante e inovadora neste gênero, pois o jogador convida o seu amigo ou amiga para desbravar os mistérios do SS Ourang como uma dupla, sendo que cada um controla as ações de um jogador aleatório e não fixo, ou seja, em determinado momento o seu amigo pode controlar um jogador que já esteve no seu controle, e é aí que as coisas começam a se complicar, visto que cada jogador tem uma personalidade própria e isso vai influenciar diretamente nas suas escolhas durante a aventura. Portanto é de se imaginar que a personalidade dos aventureiros pode virar uma bagunça bizarra. Ficar as cegas quanto ao que aconteceu com os personagens enquanto estiveram sob controle do seu amigo é algo bem interessante, tornando a aventura mais individual, ou até real. A comunicação em tempo real pode estragar o maior segredo do jogo muito antes da hora, pois em cenas onde os jogadores se encontram em meio as aberrações aterrorizantes, o simples fato de cada jogador descrever o seu ponto de vista vai entregar todo o segredo por trás do SS Ourang. O ideal é que os jogadores evitem conversar durante o jogo, também pelo fato de que isso deixa o clima do jogo bem mais ameno.

Por último temos o modo “Noite no Cinema”, onde o jogador pode convidar mais quatro amigos para que cada um controle um personagem no game. O famoso “multiplayer no sofá” faz com que um de cada vez e todos com o mesmo controle escolham as ações, mas não se preocupe, o próprio jogo te dá um tempo e avisa a hora de passar o controle para cada amigo. É importante salientar que esse modo pode se tornar muito divertido e realmente ele justifica o seu nome: a reação da turma com as escolhas de cada amigo que levam à algum romance ou até mesmo uma cena em que o personagem morre, pode fazer com que o clima de suspense se desvaneça para um terror pastelão como no “Ataque dos Vermes Malditos”. A experiência pode ser muito divertida e é altamente recomendado jogar com a galera no sofá da sua casa, principalmente sem conhecer a trama – e ninguém estiver bancando o engraçadinho.

Depende de você

The Dark Pictures Anthology: Man of Medan

The Dark Pictures Anthology: Man of Medan é um jogo que funciona muito bem de acordo com a sua proposta, mas que fique bem claro o nosso reforço para explicar que as condições ideais devem ser alcançadas pelo jogador, se a real intenção dele for elevar sua experiência ao máximo e curtir o terror psicológico em sua essência. Com isso em prática, certamente não vai se decepcionar pois o jogo realmente entrega o restante de maneira primorosa com sua história muito envolvente, contada de maneira que contribui muito para manter a tensão e o clima, com ângulos de câmera de cair o queixo, trilha e os efeitos sonoros soberbos, tirando alguns pormenores.

Os controles funcionam muito bem nos momentos de quick time events e de seleção de decisões, porém são bem pesados quando controlamos os personagens. O “peso” dos controles de personagens proporciona um clima de tensão muito bem-vindo nos momentos certos, contudo em algumas cenas, principalmente ao se deslocar no SS Ourang Medan, pode causar estranheza.

Existem sim alguns problemas de performance, principalmente no modo online, que podem atrapalhar um pouco o gameplay. A queda de frames é a principal delas, com engasgos, que podem ser desastrosos caso ocorram durante um quick time event e resultem em uma vertente na história que não era a desejada pelo jogador.

Outro problema detectado foi nas legendas, que estão em português do Brasil – e são mais um ponto positivo para a Supermassivegames -, porém algumas vezes estão mal traduzidas, com erros bizarros de pontuação ou simplesmente apresentam um código estranho e incompreensível na tela, aparentemente um erro de programação.

Alguns cortes de cenas também podem incomodar um pouco, pois ocorrem de maneira muito abrupta e sem fazer muito sentido como parte da história a ser contada subsequentemente. Contudo, é algo que talvez seja extremamente complexo de ser administrado pelos produtores do game, pois esses momentos servem justamente para adequar a história às escolhas outrora idealizadas pelo jogador. Embora isso quebre um pouco o clima de “filme”, pode ser relevado pois não influi no jogo em si.

Todavia, não há como não recomendar esse game, principalmente para os amantes do gênero de terror cinematográfico. Primeiro porque não há tantas opções nesse gênero e depois porque o jogo realmente é muito bom, proporciona muita horas de gameplay e entrega uma experiência realmente legítima de terror e perturbação. Mesmo que a história não tenha longa duração, aproximadamente 7 horas, a diversidade de modos de jogo e, principalmente, as infinitas possibilidades ao longo da narrativa compensa. Podemos dizer que a Supermassive fez um trabalho muito bom em The Dark Pictures Anthology: Man of Medan ou, ao menos, algo suficiente para criar expectativa pelos vindouros capítulos dessa franquia que promete trazer à tona os nossos medos mais obscuros.

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